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Militares da GNR fizeram fortuna ao colaborar com redes de tráfico humano

| 28 de Novembro de 2025 às 18:31
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Eram pagos para amedontrar, vigiar e ameaçar os imigrantes. Foram detidos pela Polícia Judiciária.

Militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) que foram detidos na sequência de uma operação da Polícia Judiciária (PJ) contra tráfico humano em Beja fizeram uma fortuna ao colaborar com redes criminosas. Ganhavam 500 euros por semana e entre três a quatro mil euros por cada serviço. Um sargento chegou mesmo a entregar a um tenente perto de 13 mil euros.

Os valores eram pagos aos militares da GNR preferencialmente em numerário. Mas era as contas dos filhos menores que estavam a ser utilizadas para receber os alegados pagamentos por serviços ilegais como capatazes de imigrantes, na região de Beja.

Alguns dos serviços aconteciam mesmo em horário de serviço na GNR. Dez militares e um agente da PSP foram detidos numa megaoperação da PJ por suspeitas de crimes de corrupção e abuso de poder. Funcionavam como o braço armado de redes de imigração ilegal e de exploração de imigrantes nos campos agrícolas, sobretudo na apanha da azeitona.

Os indícios recolhidos pelas autoridades revelam mesmo várias agressões a imigrantes. O cabecilha da rede confessou a um cúmplice, filho do agente da PSP detido, que tinha dado um pontapé na cabeça de um imigrante. O cúmplice apoiou, afirmando que era uma maneira do trabalhador ficar a conhecer o português.

Com este clima de intimidação os outros trabalhariam mais rápido, disse. Os membros da rede tratavam os trabalhadores por "Macaco". A maioria é originária de países indostânicos e de Timor-Leste.

Os militares da GNR e o agente da PSP detidos são suspeitos de exibir força, insultar, castigar e ameaçar os imigrantes.

Entre os funcionários estava também uma procuradora, notificada para comparecer no Tribunal da Relação para Interrogatório.

A presença dos militares nos campos servia para controlar o trabalho, mas também para passar a ideia aos imigrantes de que nem uma queixa às autoridades seria uma porta de saída desta vida de terror.

Dos 17 detidos neste megaoperação dez ficaram em liberdade a aguardar julgamento. Para outros sete o Ministério Público pede prisão preventiva, mas só no sábado será conhecida a decisão.