Paulo Santana Lopes
O testemunho centrou-se nas relações com os arguidos do processo e levou o Ministério Público a confrontá-lo com declarações feitas em 2019.
O testemunho de Paulo Santana Lopes ficou marcado por contradições com declarações anteriores. O Ministério Público apontou diferenças entre o que foi dito em tribunal e um inquérito feito em 2019. Por causa disso, a sessão foi interrompida durante cerca de 15 minutos.
O coletivo decidiu autorizar a leitura de excertos desse inquérito. A decisão foi tomada contra a vontade dos advogados de Rui Rangel e de José Veiga.
No inquérito de 2019, Paulo Santana Lopes disse ter a perceção de que Otávio Correia, funcionário judicial do Tribunal da Relação de Lisboa, fornecia informações a José Veiga, ex-empresário e dirigente do Benfica. Confrontado agora, afirmou lembrar-se dos encontros. Disse, no entanto, que já não se recorda do conteúdo das conversas nem dos processos falados.
Por falta de memória, acabou por não confirmar a informação que tinha dado em 2019.
Questionado sobre o processo do ex-jogador de futebol João Vieira Pinto, Paulo Santana Lopes afirmou não se lembrar de nenhuma conversa. Disse apenas que José Veiga falava com ele sobre vários processos.
Sobre este julgamento, ficou também a saber-se que o nome do juiz conselheiro José Piedade consta de um ficheiro do Benfica. O ficheiro tinha dados de magistrados para envio de convites para jogos. A lista foi divulgada em 2020 e inclui o nome e uma morada associada ao juiz.
José Piedade integra o coletivo de juízes que está a julgar a Operação Lex, processo onde estão acusados, entre outros, Rui Rangel e Luís Filipe Vieira. Questionado, o juiz afirmou que recebeu apenas um convite para um jogo nos anos 90. Disse que não o utilizou. Recusou ainda confirmar a morada que consta no ficheiro, por se tratar de informação pessoal.
O julgamento da Operação Lex prossegue no Tribunal Militar de Lisboa.