Operação Espelho: Imigrante recebia 35 euros por dia se trabalhasse 8 horas

| 17 de Dezembro de 2025 às 19:00
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Operação Espelho

O Ministério Público diz que os arguidos conseguiram lucrar mais de 19 milhões de euros através do alegado esquema de tráfico e exploração de imigrantes ilegais.

O Tribunal de Beja ouviu, durante a manhã desta quarta-feira, seis testemunhas, quatro trabalhadores imigrantes e dois militares da GNR, no âmbito da Operação Espelho.

Os 21 de 22 arguidos acusados de vários crimes como tráfico humano, exploração de imigrantes, branqueamento de capitais e auxílio à imigração ilegal regressaram ao Tribunal de Beja depois de terem recusado prestar declarações.

Alguns respondem pelos crimes de falsificação de documentos. Ao todo estão envolvidos 35 arguidos, sendo que oito deles estão em prisão preventiva.

Uma das testemunhas, um trabalhador agrícola imigrante, disse que foi viver para Cuba depois de algumas pessoas terem dito que havia trabalho no Alentejo.

Assinou o contrato e recebia 35 euros por dia, caso trabalhasse durante oito horas e se as condições climatéricas fossem favoráveis. Ao final do mês ganhava cerca de 500 euros. No entanto, o último mês não foi pago e ficou três meses sem trabalho depois da detenção da patroa.

Um dos militares da GNR relatou que alguns imigrantes viviam em condições desumanas e precárias, de forma sobrelotada. Muitos deles passavam fome, situação que foi reportada no posto da Guarda Nacional Republicana.

Outro militar contou que dois imigrantes tinham sido despejados da casa onde estavam a viver. O salário era praticamente inexistente e o pouco que conseguiam ganhar servia para pagar as despesas.

O Ministério Público diz que os arguidos conseguiram lucrar mais de 19 milhões de euros através do alegado esquema de tráfico e exploração de imigrantes ilegais.