Setúbal lidera 'mapa negro' das urgências de obstetrícia: Serviços estiveram mais dias fechados do que abertos

Anabela Benedito | 17 de Dezembro de 2025 às 19:12
A carregar o vídeo ...

IGAS

O relatório da IGAS foi feito depois de sucessivos casos de grávidas sem resposta em Setúbal. O documento comprova que o cenário piorou de 2024 para 2025.

Em 547 dias, os serviços de obstetrícia dos hospitais da Península de Setúbal estiveram 371 dias de portas fechadas. Corresponde a mais de 60% dos dias, num período de um ano e meio, entre janeiro de 2024 e julho de 2025.

Os dados fazem parte um relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que avaliou a capacidade das urgências nesta região, onde a ministra da Saúde prometeu avançar já no próximo mês com a concentração de serviços e a criação de uma urgência regional.

Ainda segundo o relatório, divulgado esta quarta-feira pela "CNN", o principal problema é a idade e a falta de especialistas em obstetrícia nos hospitais Garcia de Orta, Barreiro e Setúbal, o que se traduziu em fechos contínuos de urgências e na dependência de médicos tarefeiros.

No caso do Garcia de Orta, o hospital está dependente dos internos para conseguir ter escalas. Além da falta de profissionais, a IGAS detetou que entre 13 de abril e 4 de maio não só não havia direção clínica, como as escalas, turnos e férias não estavam devidamente organizadas. Uma situação que levou a que 50% dos médicos estivessem de férias na Páscoa, ou seja, as grávidas ficaram sem serviços abertos em toda a Península de Setúbal.

Já no caso do Hospital de Setúbal, dos 11 especialistas apenas três têm menos de 50 anos e, por isso, fazem todo o tipo de cirurgias. Já no Barreiro, dos nove profissionais que fazem urgências há quatro com mais de 59 anos e que realizam bancos sem qualquer obrigação.

O relatório da IGAS foi feito depois de sucessivos casos de grávidas sem resposta em Setúbal. O documento comprova que o cenário piorou de 2024 para 2025.