"A Europa tem de escolher entre ser potência secundária ou afirmar a sua própria influência global", diz Bruno Gonçalves

| 11 de Abril de 2025 às 13:04
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Bruno Gonçalves

O eurodeputado disse ainda que a União Europeia encontra-se numa posição delicada, uma vez que, apesar de ser uma potência económica, não é ainda uma potência política ou militar, ao contrário dos EUA e da China, que têm esse estatuto.

Na passada quinta-feira, o eurodeputado do Partido Socialista (PS), Bruno Gonçalves, esteve presente no programa NOW Hora de Almoço, onde abordou as tarifas comerciais implementadas por Trump e o impacto que estas têm na Europa.

Bruno Gonçalves iniciou a sua intervenção sublinhando que as tarifas impostas pelos EUA afetam sobretudo os produtos e bens europeus, excluindo, no entanto, os serviços, área na qual a União Europeia regista um excedente comercial com os Estados Unidos.

"Estas tarifas têm um impacto significativo, mas o que está em jogo é muito mais do que isso", afirmou o eurodeputado. "Os Estados Unidos, com estas medidas, não procuram apenas uma relação recíproca em termos comerciais, mas sim redefinir o jogo económico global."

De acordo com Bruno Gonçalves, o objetivo das tarifas americanas é relocalizar a produção e atrair novas indústrias e investimentos para os Estados Unidos, o que, segundo o eurodeputado, poderá prejudicar as regras comerciais globais.

"Nos últimos 20 anos, temos assistido a uma mudança na posição dos Estados Unidos, especialmente na Organização Mundial do Comércio, onde têm vindo a perder terreno em relação à China. E este é o verdadeiro foco dos EUA, sendo que a Europa acaba por ser arrastada para este confronto", explicou.

O eurodeputado sublinhou que, neste contexto, a Europa enfrenta dois caminhos: "Ou continuamos a ser uma potência secundária, influenciada pelos Estados Unidos ou pela China, ou escolhemos o caminho da nossa própria influência."

Para Bruno Gonçalves, a União Europeia encontra-se numa posição delicada, uma vez que, apesar de ser uma potência económica, não é ainda uma potência política ou militar, ao contrário dos EUA e da China, que têm esse estatuto.

"Este desequilíbrio é um desafio para a Europa, e é por isso que precisamos de continuar a subscrever as regras dos tratados internacionais", afirmou o eurodeputado. "É desta forma que poderemos estabelecer relações justas com outras regiões do mundo, e é neste foco que temos trabalhado no Parlamento Europeu e na Comissão Europeia".