Banco de Inglaterra tem mais cortes de juros à espreita

Jornal de Negócios | 10 de Fevereiro de 2025 às 21:37
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Banco de Inglaterra

Apesar das pressões inflacionistas no Reino Unido, com a autoridade monetária a atirar só para finais de 2027 o cumprimento da desejada meta dos 2% para a inflação, a potencial desaceleração do crescimento económico pode ajudar a que o banco central reduza mais três vezes os juros diretores este ano.

O Banco de Inglaterra fechou a sua primeira reunião de política monetária de 2025 com um corte dos juros diretores. Foi no passado dia 6, com a autoridade monetária a anunciar uma redução de 25 pontos base da taxa de referência, para 4,5%.

A tendência de alívio monetário é para continuar, mas há dúvidas quanto ao número de vezes que o banco central irá fazê-lo.

Quando o Reino Unido começou a subir os juros de referência, em dezembro de 2021, vinha de um contexto de baixas taxas – que nessa altura estavam num mínimo histórico de 0,1%.

O início do ciclo de aumentos deu-se no âmbito dos esforços para controlar a inflação – que tinha começado a subir no rescaldo da pandemia de Covid-19 e que se agravou com a guerra na Ucrânia.

A autoridade monetária liderada por Andrew Bailey foi subindo os juros até agosto de 2023, altura em que ficaram nos 5,25%, o nível mais alto de 16 anos e meio.

E, tal como sucedeu com congéneres como o Banco Central Europeu e a Reserva Federal norte-americana, só no ano passado – perante uma diminuição das pressões inflacionistas – é que deu início a um ciclo de cortes.

Foi logo a 1 de agosto que o BoE desceu os juros diretores, que ficaram nos 5%.

Fê-lo novamente na reunião de novembro, para 4,75%, e agora em fevereiro, na primeira reunião do ano, para 4,5%, o nível mais baixo dos últimos 18 meses.

Não restam grandes dúvidas de que o banco central britânico irá voltar a descer os juros, mas a questão é saber quantas vezes.

O consenso de mercado aponta para quatro descidas este ano, o que significa que ainda faltam três.

No entanto, o Banco de Inglaterra poderá recuar, caso a inflação suba mais do que o esperado, e cortar menos vezes.

Está tudo em aberto, já que o banco central prevê mais inflação e uma desaceleração do crescimento.

Além disso, as tarifas de Donald Trump, mesmo que não atinjam diretamente o Reino Unido, também poderão ter uma palavra a dizer.

O certo é que não se preveem mexidas na reunião de março, mas o consenso do mercado aponta já para um novo corte no encontro de maio.