Mortágua disse estar disponível para continuar a trabalhar no partido.
A 14.ª Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, marcada para os dias 29 e 30 de novembro e com cinco moções a debate, assume uma nova importância com o fim de ciclo de Mariana Mortágua.
Depois de Mariana Mortágua ter anunciado este sábado que não pretende recandidatar-se à coordenação do BE, o processo para a eleição dos novos órgãos nacionais do partido prossegue, com a reunião magna agendada para os dias 29 e 30 de novembro
A bloquista era a primeira proponente da moção de orientação ‘A’, intitulada “Resistir para virar o Jogo”, na qual Mortágua reconhecia erros e que tinha entre mãos um “partido militante em reconfiguração”, após o pior resultado eleitoral de sempre em legislativas em maio, que levou o partido à representação única no Parlamento.
Agora, com a saída de Mortágua, caberá aos subscritores da moção ‘A’ decidir a sua proposta para a coordenação e qual a lista que vão apresentar para compor a Mesa Nacional.
Entre os nomes dos proponentes desta moção estão vários dirigentes do núcleo duro do partido, como Fabian Figueiredo (também número dois na lista do partido pelo círculo eleitoral de Lisboa e potencial sucessor de Mortágua no parlamento), Jorge Costa, Joana Mortágua, Marisa Matias, Catarina Martins, Adriano Campos ou Pedro Filipe Soares.
Também nos subscritores estão incluídos nomes como José Manuel Pureza, ou os fundadores Francisco Louçã, Luís Fazenda e Fernando Rosas.
Na convenção bloquista vão ser votadas moções de orientação (cujo prazo para entrega terminou em junho) e listas para a Mesa Nacional do partido, órgão máximo entre convenções que é composto por membros das várias listas apresentadas, à proporção dos votos que obtêm.
O dirigente que encabeça a lista mais votada assume o lugar de coordenador, figura que não existe formalmente nos estatutos do BE.
De acordo com o regulamento da próxima convenção, as listas candidatas à Mesa Nacional e à Comissão de Direitos deverão ser subscritas por um mínimo de 15 delegados “e estão vinculadas à apresentação de Moções de Orientação admitidas a votação na Convenção”.
Foram submetidas mais quatro moções de orientação além daquela que era encabeçada por Mariana Mortágua. Uma delas é a moção ‘S’, que inclui elementos que integraram a lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional na última convenção do partido, em 2023, como o dirigente Adelino Fortunato ou os antigos deputados à Assembleia da República Heitor Sousa e Alexandra Vieira.
Candidataram-se ainda as moções ‘B’, intitulada “Reconstruir para um novo ciclo político”, a ‘C’, “Mais Bloco, menos tendências” e a ‘H’, que considera que está na “Hora de Recomeçar”.
Todas as moções opositoras à atual direção apontam falta de democracia interna e pedem mais atenção às bases.
O BE enfrenta um dos momentos mais difíceis da sua história, depois de em maio deste ano ter obtido o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas, passando de cinco para uma deputada única e ter perdido representação autárquica no sufrágio deste mês, passando de cinco vereadores e 94 deputados municipais para uma vereadora em Lisboa e um total de 17 deputados em câmaras e freguesias.
Mariana Mortágua foi eleita coordenadora do BE em maio de 2023 para um mandato de dois anos, que acabou prolongado depois de a data ter sido inicialmente reagendada devido às eleições legislativas antecipadas de maio e aberto novo processo interno após o resultado deste sufrágio.
Com 39 anos, economista, Mortágua destacou-se na comissão de inquérito ao BES e sucedeu a Catarina Martins na coordenação do BE, atual candidata à Presidência da República apoiada pelos bloquistas.
A atual deputada única já fez saber que só ficará na Assembleia da República até ao final de novembro, terminado o processo orçamental e sairá de cena quando terminar o seu mandato.
Mortágua disse estar disponível para continuar a trabalhar no partido.