BPI ainda não recebeu em Lisboa o encaixe do IPO do BFA

Jornal de Negócios | 31 de Outubro de 2025 às 19:10
Oliveira e Costa BPI
Oliveira e Costa BPI

Encaixe de 103 milhões de euros ainda será transferida para Portugal ao longo dos próximos meses. Quando chegar, vai ter impacto nos rácios de capital.

O encaixe de 103 milhões de euros que o BPI conseguiu na alienação de 14,75% do capital do Banco de Fomento de Angola (BFA) ainda não chegou aos cofres do banco em Lisboa. Quando chegar, vai melhorar os rácios de capital.

“O impacto no capital prudencial CET1 é neutralizado até ao recebimento em Portugal do encaixe da venda, seguindo recomendação do BCE sobre dividendos com recebimento pendente”, explica o banco. Se esse impacto já tivesse ocorrido, teria elevado o CET 1 em 50 pontos base.

“Primeiro temos de receber o dinheiro em Portugal em dólares”, disse o CEO do banco na apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano.

A valorização da posição do BPI até à liquidação da operação foi de nove milhões de euros e foi registada diretamente em capital próprio.

A operação, a maior de sempre na bolsa de Angola, foi considerada um sucesso pelo banco, que para já não pondera nova operação, embora não coloque de parte acompanhar uma eventual alienação adicional que o outro acionista de referência, a estatal Unitel, decida fazer. O banco pode recorrer à cláusula "tag-along" para fazê-lo se assim o entender - é um direito, não uma obrigação. 

“Mantemo-nos serenos”, garantiu o CEO da instituição financeira detida pelo Caixabank. “O BFA não é uma posição estratégica, é uma posição financeira”, recordou João Pedro Oliveira e Costa.

“Vamos vender a curto prazo? A resposta é não. Mas mantemos a atenção” ao tema, disse o presidente executivo do BPI.

A operação colocou 29,75% do capital do banco angolano em bolsa, abrindo a porta a que surgisse um novo acionista de referência. Mas não terá sido o caso, pelo menos a julgar pela informação que chegou ao BPI. “Não temos nota de que haja ninguém na posição [de acionista de referência]”, avançou João Pedro Oliveira e Costa.

A participação atual de 33,35% que o BPI tem no BFA está avaliada em 232 milhões de euros. Trata-se da avaliação feita pelo mercado. Até à oferta pública de venda do Banco de Fomento de Angola, o BPI fazia inscrevia nas suas contas uma estimativa do valor da instituição africana. Com a entrada do BFA em bolsa, a estimativa deixa de ser necessária: o cálculo da avaliação é direto.