Bruxelas quer UE em sintonia sobre reforço da Defesa a começar por "muro de drones"

Lusa | 29 de Setembro de 2025 às 17:43
Bruxelas quer UE em sintonia sobre reforço da Defesa a começar por 'muro de drones'
Bruxelas quer UE em sintonia sobre reforço da Defesa a começar por "muro de drones" FOTO: Mlenny/iStockphoto

A Comissão Europeia também propõe que os países do bloco político-económico europeu criem "coligações de capacidades coletivas", que serão encabeçadas por um dos países que as compõem e criar "projetos colaborativos", por exemplo, de reforço da indústria militar e aquisição de equipamentos.

A Comissão Europeia pediu aos países da União identifiquem as carências militares que têm, para poder reforçar as capacidades através de “coligações de Estados-membros”, começando pelo “muro de drones” no flanco leste.

De acordo com um documento enviado esta segunda-feira pela Comissão Europeia a cada Estado-membro, que apresenta um cronograma sobre a prontidão da União Europeia (UE) na área da defesa, estão identificadas "nove áreas de capacidades críticas" que têm de ser reforçadas: mísseis e defesa antiaérea, mobilidade militar, sistemas de artilharia, guerra cibernética e com inteligência artificial, drones (aeronaves pilotadas remotamente) e combate terrestre e marítimo.

A diretoria-geral militar da UE, que faz parte do Serviço de Ação Externa, está a fazer 'um apanhado' das capacidades militares de cada Estado-membro e dos objetivos de investimento que ponderaram, que "inclui as áreas de capacidades prioritárias e que tem em conta os desígnios da Organização do Tratado do Atlântico Norte [para os países que integram a Aliança Atlântica] e as necessidades da Ucrânia".

Este 'apanhado' vai ser "integrado na Revisão Anual de Defesa Coordenada preparada pela Agência de Defesa Europeia e atualizada anualmente", para assegurar que "há uma relação entre a análise das carências de capacidades militares e as prioridades" nesta área.

A Comissão Europeia também propõe que os países do bloco político-económico europeu criem "coligações de capacidades coletivas", que serão encabeçadas por um dos países que as compõem e criar "projetos colaborativos", por exemplo, de reforço da indústria militar e aquisição de equipamentos.

Vai ser criada uma "Força de Prontidão de Defesa", um grupo informal para apoiar estas coligações.

O executivo comunitário também vai lançar três prioridades para este investimento conjunto em prol da segurança europeia, a começar pelo já anunciado "muro de drones", uma parede artificial de drones que patrulharão o flanco leste, ou seja, os países que estão mais próximos da Rússia, com o objetivo de impedir imediatamente incursões do espaço aéreo da UE, como as que ocorreram nas últimas semanas na Polónia, Roménia e Dinamarca.

Aproveitando a "experiência da Ucrânia", que há mais de três anos está a tentar repelir uma invasão da Rússia ao seu território e que muitas vezes se manifesta em bombardeamentos e ataques com drones, a UE quer aumentar a produção destas aeronaves e fazê-lo em escala, com "desenvolvimento tecnológico contínuo".

"Isto vai requerer uma abordagem em rede, em que as startups, a academia, as indústrias de defesa já estabelecidas e os governos trabalhem em conjunto, facilitando este esforço com uma estrutura de financiamento simples", dá conta o documento da Comissão Europeia.

O "muro de drones" também "deve ser adaptável e interoperável para ajudar a resolver coletivamente outras ameaças, nomeadamente a resposta a desastres naturais, migrações irregulares e crime organizado transacional, com centros operativos por toda a Europa a trabalhar de maneira integrada".

Este documento é apresentado dois dias antes de uma cimeira informal de líderes em Copenhaga, no âmbito da presidência dinamarquesa do Conselho da UE, e de uma reunião da Comunidade Política Europeia, também na capital da Dinamarca, respetivamente na quarta e quinta-feiras.

As duas reuniões coincidem com um momento decisivo para as discussões sobre o apoio contínuo que a UE presta à Ucrânia, já que as perspetivas de um cessar-fogo no verão se esfumaram face à continuidade dos ataques de Moscovo e aparente falta de interesse do Kremlin em negociar.