Cada vez mais bebés nascem fora dos hospitais devido ao encerramento de urgências
Três mães contaram à revista Sábado a aflição de dar à luz fora dos hospitais.
São cada vez mais os bebés que estão a nascer fora dos hospitais. Só este ano, já nasceram 37 crianças dentro de ambulâncias, mais do que em todo o ano passado. Três mães contaram à revista Sábado a aflição de dar à luz fora dos hospitais.
Camila Martins, por exemplo, estava grávida de 38 semanas. Ouviu várias vezes, no hospital, que ainda não estava pronta para dar à luz. No entanto, na noite de 18 de junho, em plena dor, ouviu o marido dizer que as urgências de Vila Franca de Xira estavam fechadas. Decidiu, por isso, pedir ajuda aos Bombeiros da Azambuja.
“Quando cheguei ao quartel, senti que o bebé estava a sair. Nem houve tempo de ligar a ambulância. A minha filha nasceu ali mesmo, nas mãos das bombeiras. Foi lindo, mas traumatizante.”
O parto correu bem, mas Camila ainda hoje recorda o medo de não chegar ao hospital a tempo.
Maria Cardoso também não chegou ao hospital. A filha nasceu nas bombas de gasolina da Baixa da Banheira, na Moita, com o cordão umbilical enrolado ao pescoço.
Diana Sofia, grávida do terceiro filho, deu à luz na autoestrada, a caminho de Lisboa.
“As dores eram insuportáveis, o médico da ambulância deu-me paracetamol e não fez nada. Quando senti a cabeça da bebé, a ambulância teve de parar. A minha filha nasceu na autoestrada.”
Os bombeiros alertam que situações do género já não acontecem apenas em zonas rurais, mas também junto a grandes cidades. Com urgências encerradas e hospitais sem vagas, as mães arriscam a vida e a dos filhos.
Entre o medo e o milagre, há uma certeza: nascer em ambulância não devia ser rotina, mas, para dezenas de famílias, é o retrato da urgência que não chega a tempo.