Carris
O Instituto de Soldadura e Qualidade recomendou uma nova inspeção que deveria acontecer até fevereiro do ano passado. No entanto, nunca aconteceu até ao dia da tragédia.
Foi no final do ano de 2022 que o primeiro cabo de fibra foi instalado no Elevador da Glória. Esta tipologia de cabos é igual àquela que servia o ascensor no dia do trágico acidente, que vitimou 16 pessoas.
Em fevereiro de 2023 o Instituto de Soldadura e Qualidade garantiu que estaria tudo em conformidade com cabo. No entanto, o mesmo instituto recomendou uma nova inspeção no prazo máximo de um ano, inspeção essa que nunca chegou a acontecer.
Estes cabos ficaram nos equipamentos até agosto de 2024. Foram então substituídos por cabos iguais, que se mantiveram em serviço até 3 de setembro, dia em que 16 pessoas morreram na tragédia do Elevador da Glória.
Segundo o jornal "Sol", a administração da Carris recusou dar explicações sobre as falhas nos prazos de inspeção.
Apesar de a empresa ter chamado o Instituto de Soldadura e Qualidade para realizar exames magnéticos ao cabo, sabe-se que esse tipo de análise não é capaz de detetar falhas corrosão, fios partidos ou bolhas de ar, assim como os pontos de amarração dos cabos.
A inspeção mais completa implicaria que peças do equipamento fossem desmontadas e que o elevador ficasse mesmo paralisado.
No caso do Elevador da Glória, este diagnóstico profundo só aconteceu depois da morte de 16 pessoas em setembro deste ano. Como denuncia o relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários, a Carris nunca terá adotado os procedimentos previstos nas normas europeias.