Casal acusado de triplo homicídio em Bragança condenado a 25 anos de prisão
Nélida Guerreiro e Sidney Martins, que ficaram conhecidos como os “Bonnie & Clyde” portugueses, foram condenados a 25 anos de prisão pelo homicídio de um casal e do filho, ocorrido em Donai, no concelho de Bragança, em julho de 2022.
À entrada do Tribunal de Bragança, o reforço policial foi notório para a chegada dos arguidos, que estão em prisão preventiva por assaltos à mão armada, e são considerados perigosos.
Nélida Guerreiro e Sidney Martins estavam acusados de dois crimes de homicídio qualificado, dois crimes de profanação de cadáver, na forma tentada, um crime de incêndio e um crime de furto qualificado na forma tentada. A Sidney Martins foi ainda imputada a prática de mais um crime de homicídio e de um crime de ofensa à integridade física qualificada.
As vítimas são um casal e o filho, residentes em Donai, no concelho de Bragança, e que terão sido mortos pela dupla de homicidas em julho de 2022.
A arguida, toxicodependente e com antecedentes pelo crime de tráfico de droga, mantinha uma relação com Carlos Pires, conhecido como consumidor e vendedor de produto estupefaciente. No entanto, Nélida vivia com Sidney que “tinha conhecimento da relação extra conjugal, mas não aprovava”, considerou o Tribunal Judicial de Bragança.
O vício e a necessidade de dinheiro terão estado na origem dos crimes. A primeira a morrer foi Olga Pires, a mãe do amante de Nélida. Sidney ter-se-á dirigido à casa onde a família morava, em Donai, a 9 de julho em busca de droga que, alegadamente, estaria escondida no quintal, e dinheiro. A mulher ouviu barulho e o arguido, surpreendido com a sua presença, desferiu-lhe dez golpes com um “objeto cortante e afiado”, que o Tribunal não conseguiu provar se se trataria ou não de uma faca. Na mesma noite, José Pires, marido da primeira vítima, também ficou ferido.
Com o objetivo de apagar provas e consumar os furtos, o casal de homicidas regressou à casa da família do amante de Nélida. Desferiram dezenas de facadas ao pai e ao filho que já teriam levantado suspeitas às autoridades de quem poderia ser o autor do homicídio de Olga. Depois, os suspeitos atearam fogo à casa e fugiram no carro de uma das vítimas.
O coletivo de juízes explicou que o objetivo era “carbonizar os corpos e eliminar todas as provas”. No entanto, foram encontradas pegadas de sangue da vítima mais velha, José Pires, na casa do arguido Sidney, levando as autoridades a desvendar o triplo homicídio.
Começaram a ser julgados em setembro, no Tribunal de Bragança, onde mantiveram o silêncio ao longo de todas as sessões. Nas alegações finais, o Ministério Público pediu a pena máxima de prisão, pedido concretizado pelo coletivo de juízes que atribuiu a pena máxima aos arguidos, com idades na casa dos 40 anos.
À saída do Tribunal, a filha da vítima, que não quis prestar declarações gravadas, referiu que “nem 60 anos de prisão seriam suficientes para os castigar pelo que fizeram”.
O casal de homicidas terá ainda de pagar uma indemnização de mais de 200 mil euros à família das vítimas.