Boston
Tudo indica que a raiva e o ódio pelo sucesso do seu ex-colega seja o principal motivo do homicídio a Nuno Loureiro.
Cláudio Valente era visto como um homem extremamente inteligente, mas com dificuldades em manter relações pessoais e tinha sinais de instabilidade emocional. Segundo pessoas que com ele conviveram, apresentava comportamentos agressivos e um discurso por vezes perturbador.
Natural do Entroncamento, Cláudio deixou de dar notícias à família há mais de vinte anos. Os familiares só souberam do seu paradeiro ao verem o rosto nas notícias. A mãe confessou sempre ter vivido com o receio de que o próximo contacto fosse para saber que o filho estaria morto.
Durante o doutoramento em Física na Universidade Brown, teve apenas um amigo próximo: Scott Watson, professor na Universidade de Syracuse. Watson recorda um colega brilhante, capaz de ser amável, mas também agressivo.
Queixava-se frequentemente da comida no campus, dizia que as aulas eram demasiado fáceis e chegou a referir-se a um colega brasileiro como seu “escravo”, provocando tensão entre estudantes.
Cláudio Valente e Nuno Loureiro tiveram percursos académicos muito semelhantes no início. Foram colegas durante cinco anos no Instituto Superior Técnico, entre 1995 e 2000, e ambos emigraram para os Estados Unidos. Mas os caminhos divergiram.
Nuno Loureiro construiu uma carreira de sucesso e tornou-se professor no MIT. Cláudio não concluiu a pós-graduação. Depois de abandonar a Universidade Brown, regressou a Portugal e trabalhou em dois períodos no "Sapo". Colegas descrevem-no como um génio da informática, reservado e introspetivo.
Mais tarde, voltou aos Estados Unidos, sem alcançar o mesmo reconhecimento académico.
As autoridades confirmam agora que Cláudio Valente disparou pelo menos 44 tiros na Universidade Brown, antes de fugir e cometer o segundo ataque, que resultou na morte de Nuno Loureiro.
Tudo indica que a raiva e o ódio pelo sucesso do seu ex-colega seja o principal motivo do homicídio.