Dermatologista que ganhou 700 mil euros em 22 dias demite-se do Hospital Santa Maria

Sónia Cardoso | 29 de Novembro de 2025 às 17:10
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Santa Maria

Miguel Alpalhão diz que tem sido alvo de um tratamento "humilhante" por parte da administração do hospital.

Miguel Alpalhão apresentou esta sexta-feira a carta de demissão do Hospital de Santa Maria e alega que não lhe restava outra opção.

“Lamentavelmente, não me resta outra atitude que não a demissão das minhas funções, perante a forma de tratamento com intuito humilhante, degradante, discriminatório e persecutório de que fui alvo ao longo do último ano por parte da administração do hospital”, disse.

Refere também que, com a suspensão de funções que lhe foi aplicada, pretendem fazer de si um “bode expiatório para lavar a imagem de uma instituição que não sabe assumir as suas responsabilidades e proteger” os seus colaboradores.

A renúncia do contrato do dermatologista, contratado em janeiro de 2024, terá apenas efeito a 12 de janeiro do próximo ano, no dia seguinte ao final da suspensão que lhe foi aplicada.

O Hospital de Santa Maria tem ainda em curso outro processo disciplinar para despedimento de Miguel Alpalhão, bem como para a devolução das verbas indevidamente recebidas pelas cirurgias realizadas.

Em 22 dias de trabalho adicionais, o dermatologista arrecadou quase 700 mil euros em pequenas cirurgias, todas feitas em dias de fim de semana.

Desta quantia, cerca de 400 mil euros dizem respeito a dez sábados com cirurgias que demoravam, em média, cinco minutos.

Quem também foi submetido a estas cirurgias adicionais foram os próprios pais de Alpalhão, a quem o dermatologista cobrou mais de 5500 euros, sem que estes fossem referenciados pelos canais normais.