Dois advogados acusados de burla qualificada a emigrante negam pratica de crime em tribunal
A outra arguida no processo, mãe de um deles, assumiu ter recebido 180 mil euros para a compra de um lar e o negócio não se ter concretizado.
José Vaz Fernandes, de 71 anos, veio de França de propósito para prestar declarações no processo em que reclama o pagamento de 232.985 euros aos três arguidos. No entanto, o depoimento foi adiado para a próxima sessão do julgamento, em janeiro do próximo ano.
Esta primeira sessão, no Tribunal da Marinha Grande, ficou preenchida com o depoimento dos três arguidos, acusados de burla qualificada. Todos negaram a prática do crime e contaram a sua intervenção no processo.
Célia Dias, de 56 anos, foi a única arguida a assumir ter recebido dinheiro do emigrante — 180 mil euros — para sinalizar a compra de um lar em Palmela. O negócio não se concretizou e ela disse ter ficado com o menino nas mãos.
Disse que depositou o dinheiro na conta do filho e depois o fez circular pelas contas de vários familiares até receber tudo em numerário e entregar a um sócio, que não é arguido no processo.
O filho, Edgar Monteiro, de 27 anos, disse ao tribunal não saber pormenores do negócio e que se limitou a dar acesso da conta à mãe, por ela estar insolvente. Na altura estudava Direito, em Coimbra, e não verificava a conta bancária.
Atualmente é advogado, bem como a outra arguida, Sandra Correia, de 52 anos, que descreveu como normal a relação que o escritório mantinha com o lesado há vários anos, que era seu cliente e acompanhou em vários processos. Do dinheiro para a compra do lar — que o Ministério Público diz não existir — apenas se limitou a fotocopiar os cheques que o emigrante entregou à outra arguida.