Papa Leão XIV
Vai realçizar-se na Praça de São Pedro, no Vaticano.
É já este domingo que se realiza a missa inaugural, na Praça de São Pedro, no Vaticano e que marca o início do pontificado do novo Papa Leão XIV.
Um dos maiores desafios que tem em mãos é o de manter a unidade no interior da igreja, além de ter de lidar com questões fraturantes, como o celibato dos padres ou o papel das mulheres na cúria.
De sorriso largo, o novo sumo pontífice acenou à multidão que o aguardava expectante na Praça de São Pedro.
Durante a sua primeira oração dominical aos peregrinos, o Papa Leão XIV recitou a oração Regina Coeli em A homenagem à Nossa Senhora.
A missa de domingo ficou ainda marcada pelos vários apelos à paz, como o fim da guerra na Ucrânia e um cessar-fogo na Faixa de Gaza. As mesmas dores e preocupações que tantas vezes foram lembradas por Francisco.
Vindas de várias partes do mundo, perto de 100 mil pessoas encheram a Praça de São Pedro, um momento marcante e para muitos, um apelo à fé.
A eleição como Papa Leão XIV representa uma ponte entre continentes, culturas e visões da igreja. Traz consigo o rosto de uma igreja que serve, escuta e caminha com todos.
O conclave de 2025 foi o mais rápido dos últimos 86 anos. Em quatro votações distribuídas por dois dias, o colégio cardinalício escolheu o seu novo líder. Robert Prevost terá superado os 100 votos, entre os 133 em jogo, quatro deles portugueses. Nomeado cardeal desde 2023, o norte-americano, até então pouco conhecido fora dos círculos internos do Vaticano, a dada altura terá mesmo perguntado sobre as regras da votação. Mas acabou por superar alguns dos principais favoritos.
Leão XIV foi eleito mais depressa do que Francisco ou João Paulo II, o que mostra ter existido uma maior e mais rápida concordância, o que se assemelha à eleição de Bento XVI em 2005.
O perfil de Prevost saltou à vista de todos por conjugar um equilíbrio perfeito entre tradição, abertura, autoridade e humildade.
Leão é o quarto nome mais escolhido pelos papas. A decisão é o farol das prioridades para o seu papado.
A Rerum Novarum, publicada em 1891 pelo Papa Leão XIII, é uma das encíclicas mais importantes da história da igreja. Foi a primeira posição formal da instituição sobre a dignidade do trabalho e afirmou o direito dos trabalhadores à sindicalização para proteger salários e saúde.
Perante milhares de fiéis emocionados, o novo Papa disse ser um padre agostiniano e crente na Virgem Maria.
Em tempos de incerteza, ele quer ser visto como um guardião da fé, um construtor de pontes, pela luta pela justiça, mas também o silêncio da sabedoria, sem esquecer a liderança com coragem, mas também com compaixão.
O Papa Leão XIII foi uma das figuras mais marcantes do século XIX, sucedeu a Pio IX e liderou a igreja durante 25 anos. Ficou conhecido por ser um defensor histórico dos trabalhadores e entrou ainda para a história como o homem mais antigo a ser registado em vídeo.
Na primeira missa presidida por Leão XIV, uma freira e uma leiga fizeram duas leituras, o que deixa antever ao mundo a ideia de continuidade de Francisco por também incluir mulheres na cúria.
Os próximos meses serão cruciais. Nomeações-chave, sinalizações públicas, viagens estratégicas. Todos os detalhes contam para ler qual vai ser a linha do novo pontificado.
Nas entrelinhas da liturgia do novo papa estavam os sinais que todos procuravam.
O cardeal alemão Gerhard Müller, de 77 anos, faz parte da ala ultra conservadora e tradicional da igreja católica. Apoiante de Bento XVI, a sua voz crítica fez com que em 2017 fosse demitido sem aviso prévio, por Francisco, da chefia da congregação para a doutrina da fé do Vaticano.
A decisão provocou um profundo ressentimento e desde então tornou-se num dos maiores opositores do papa argentino.
Mas com a eleição de Leão XIV, Muller acredita que este é a chave para conseguir sanar as divisões que se abriram durante o pontificado de Francisco.
A sua experiência como prefeito do dicastério para os bispos é agora um trunfo: conhece bem o mapa eclesial, sabe onde estão os conflitos, os vazios e os talentos. Espera-se por isso que dê destaque aos líderes locais com capacidade pastoral e visão social, ou seja, que sejam menos políticos, mas mais pastores.
De Roma, fica o convite do papa Leão: transformar palavras em gestos concretos, para que, o fim da guerra deixe de ser uma miragem e passe a ser uma realidade.
Por detrás das portas douradas do Vaticano, ergue-se um desafio que marca o pontificado de Papa?Leão XIV, o escândalo dos abusos sexuais na igreja. Antes de ser nomeado papa, o então cardeal Robert Prevost enfrentou acusações de ter omitido e encoberto casos dolorosos, tanto nos Estados Unidos como no Peru.
Entre 1998 e 2010, Prevost dirigiu a província agostiniana de Chicago, onde padres acusados de abusar de menores continuaram em ministérios ativos.
Já sobre o caso de um acusado de agredir crianças terá autorizado que ficasse perto de uma escola sem ter avisado as autoridades.
No Peru, onde serviu como bispo de Chiclayo, surgiram ainda denúncias de três mulheres que dizem ter sido abusadas por padres locais.
Apesar de uma promessa de investigação em 2022, o processo canónico arrastou-se em silêncio — e segundo o Vaticano, só foi arquivado por falta de provas.
O novo papa herda, assim, uma ferida aberta.
A organização que defende sobreviventes de abusos na igreja, entregou, em abril deste ano, uma queixa formal ao Vaticano em que Prevost é acusado de “ações ou omissões” que impediram investigações civis e eclesiásticas.
Até aqui, o Vaticano afirma que enquanto cardeal Robert Prevost seguiu os protocolos canónicos vigentes, encaminhando denúncias e a afastar padres sempre que necessário.
No dia seguinte à eleição, Leão XIV surgiu com uns simples sapatos pretos e não com os tradicionais vermelhos.
Vestido de branco, com mitra e com o cajado episcopal, entrou na capela onde celebrou a missa perante os 132 cardeais do conclave que o elegeu.
No final de maio, o novo papa poderá ter uma primeira viagem ao estrangeiro. Francisco tinha sido convidado para visitar a Turquia para o aniversário do primeiro concílio de Niceia
Após o anúncio de habemus papam, todos os detalhes são examinados à lupa para tentar encontrar pistas de como será o pontificado do novo papa depois do ministério pioneiro e marcante de Francisco.
Sobretudo, para se perceber se a conduta será semelhante à de Berboglio ou à de Bento XVI.
Entre 2013 e 2025, Francisco escolheu ocupar os aposentos papais mais simples, a casa de Santa Marta. Mas o novo pontífice preferiu seguir a tradição papal e deverá fazer do palácio apostólico a sua morada.
Perante o colégio de cardeais eleitores, o papa apontou a inteligência artificial como um dos maiores desafios da humanidade.
Na primeira semana em que ainda está a aprender todas as lides do mais alto cargo da igreja, Leão XIV recebeu os jornalistas que têm feito a cobertura noticiosa no Vaticano.
Além de ter pedido a libertação de jornalistas que estão presos, mostrou ser um defensor da liberdade de expressão e de imprensa, momento em que acabou por mostrar o seu sentido de humor mais genuíno. vivo com jornalistas
O novo pontífice já esteve em Portugal quando acompanhou o papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude, em agosto de 2023, o maior encontro religioso da igreja católica.
Na chegada a Lisboa, a comitiva de cardeais foi recebida pelo Presidente da República. Na altura já chefiava o escritório do Vaticano encarregue de escolher quais os padres que deveriam servir como bispos católicos em todo o mundo.
O bispo da diocese de Leiria-Fátima já tinha convidado o antigo cardeal para presidir às peregrinações de maio e de outubro, convite que se mantém, mas agora, já como Santo Padre.
Este domingo, será celebrada a missa que marca o início do seu pontificado. Um dia em que se espera a presença de delegações e chefes de estado de todo o mundo.
Tal como aconteceu no funeral do Papa Francisco, as autoridades italianas vão montar um forte dispositivo de segurança.