
"Anómalia técnica" terá estado na causa do acidente, mas as rodas dos vagões apresentavam sinais de desgaste. Na altura, a APAC alertou: "Desta vez não houve consequências. Da próxima poderá não ser assim."
Era 7 de maio de 2018 quando um dos veículos do Elevador da Glória descarrilou: saiu dos carris e ficou assente nas pedras da calçada. Contudo, ao contrário do que se verificou na tarde de quarta-feira, a carruagem não tombou e não houve vítimas a lamentar.
Segundo uma notícia do Público, datada do mesmo ano, este acidente nunca chegou a ser reportado pela empresa responsável, mas o episódio fez com que o elevador ficasse inoperacional durante cerca de um mês.
Na altura, a empresa responsável não explicou o que esteve na origem deste episódio, mas Inês Andrade, da Carris, reportou à revista Time Out que em causa poderia ter estado uma "anomalia técnica".
Inês Andrade chegou a garantir que os veículos voltariam a circular a 11 de junho "em perfeitas condições de segurança e funcionamente para os próximos dois anos", mas ainda assim António Carloto, membro da APAC (Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro), deixou um alerta: "Descarrilou e desta vez não houve consequências. Da próxima poderá não ser assim. É claro que houve aqui incúria".
Os sinais de falta de manutenção à altura já eram evidentes. As rodas dos vagões estavam desgastadas e foi este desgaste que terá levado a que os rodados do ascensor se soltassem para fora dos carris, segundo o Público. A partir daí, a Carris decidiu passar a antecipar a manutenção do elevador.
Segundo informou na quarta-feira o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, a última manutenção geral dos elétricos havia sido assegurada "escrupulosamente" em 2022 e a reparação intercalar em 2024. A manutenção geral por norma ocorre de quatro em quatro anos e a intercalar de dois em dois, explicou. Ao mesmo tempo, adiantou que há 14 anos que a mesma é assegurada por uma empresa externa.
Na quarta-feira, um dos veículos do Elevador da Glória voltou a descarrilar e a origem do acidente terá estado na quebra do cabo de segurança, apesar de as autoridades ainda estarem a investigar o caso. O momento levou à perda de 15 vidas e um novo balanço da PJ desta quinta-feira aponta que o número de feridos aumentou de 18 para 23, encontrando-se agora em hospitais de Lisboa, nomeadamente no São José e no Santa Maria.
O cenário levou também o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a ordenar temporariamente a suspensão de todos os ascensores da cidade, nos quais se incluem os da Bica e Lavra e do Funicular da Graça. Há ordem para serem realizadas vistorias técnicas a todos estes equipamentos.