Jornal de Negócios
Os analistas e as notas de "research" das casas de investimento consultadas pelo Negócios têm em comum a incerteza em torno da nova época de resultados. Ainda assim, há indicadores que podem oferecer algum conforto.
Desde 2013 que o principal índice nacional, o PSI, não valorizava tanto num só semestre. Um conjunto de fatores — descorrelação com os principais índices globais e refúgio perante as tarifas norte-americanas — levou o "benchmark" a uma valorização de 17%.
Mas se as perspetivas para os primeiros seis meses do ano eram de um novo recorde nos lucros das cotadas, que se traduziriam em máximos de mais de uma década do PSI, agora as certezas são poucas.
Os analistas e as notas de "research" das casas de investimento consultadas pelo Negócios têm em comum a incerteza em torno da nova época de resultados. Ainda assim, há indicadores que podem oferecer algum conforto.
As revisões às perspetivas de resultados têm sido pequenas — com uma redução de apenas 1% nas estimativas trimestrais, o que compara favoravelmente com os -5% das empresas do índice europeu Stoxx-600.
Há ainda uma distinção entre cotadas com exposição domestica e internacional. Se, por um lado, é esperado que os resultados confirmem a resiliência operacional do primeiro trimestre do ano, sobretudo nos setores com maior exposição à economia doméstica, a história é outra em empresas com mais exposição a outros mercados.
O lado mais "desafiante" desta "earnings season" serão as empresas mais expostas ao comércio internacional, especialmente ao dólar, um movimento que pode condicionar as avaliações e as projeções, bem como a evolução dos resultados.
Os analistas dividem-se quanto ao setor da pasta e papel, um dos mais afetados pela queda do dólar, mas há favoritas: o BCP está nessa lista, uma vez que continua a beneficiar de um contexto favorável para a margem financeira.
Há ainda otimismo para cotadas expostas às duas economias da Península Ibérica, que têm crescido acima da média da zona euro, onde se incluem também os CTT.
Do lado da gestora de ativos Sixty Degrees, a NOS e a Galp são as prediletas. No retalho, a Jerónimo Martins fica à margem dos efeitos domésticos e internacionais, enquanto Mota-Engil, EDP e Ren têm um potencial de valorização limitado.