
Este ano letivo neste agrupamento e todos os alunos do pré-escolar ao 1.º ciclo não podem utilizar 'smartphones', 'smartwatches', telemóveis e dispositivos de aplicação móveis em todos os espaços escolares, quer interiores, quer exteriores das escolas.
Todos os alunos do Agrupamento de Escolas do Fontes Pereira de Melo, no Porto, mesmo os do ensino secundário, estão proibidos de usar telemóveis, 'smartphones' e 'smartwatches", mas há oferta de atividades lúdicas e exceções.
As exceções são para estudantes cuja língua materna não é o português como o caso de Kubra, uma menina turca de 11 anos que chegou a Portugal há cinco dias.
"Bom dia", Boa Tarde", "Olá" e "Obrigada" são as únicas palavras em português que Kubra Ecrin Centitürk consegue falar, mas ela sabe que com a ajuda das aplicações do 'Chat GPT' e do 'Google Translate', disponíveis no telemóvel com Internet vai poder traduzir de turco para português o que quer dizer aos colegas e professores.
No primeiro dia de apresentação à turma Kubra Centitürk chega de olhar negro e tímido, com a mochila às costas, para o seu primeiro dia numa escola portuguesa. Está rodeada pelos pais e por um tradutor que fala inglês e um pouco de português e faz a tradução entre o diretor da escola e a família oriunda da Turquia.
A mãe, Zeyner Centitürk, e o pai, Ramazan Centitürk, contam à Lusa que estão há cinco dias em Portugal e que a filha de 11 anos vai para o 5.º ano de escolaridade e que está um pouco ansiosa.
O professor Miguel Pais, adjunto da direção da Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, explica à Lusa que apesar da regra da proibição do telemóvel na escola para todos os ciclos escolares, há um "regulamento interno" construído para situações de exceção.
"Os alunos poderão utilizar 'smartphones' exclusivamente em situações de exceção", como acontece no caso de haver alunos cuja língua materna não é o português e há algumas dezenas de alunos" nessa situação no agrupamento.
Segundo Miguel Pais, as comunidades educativas têm "cada vez mais alunos cuja língua materna não é o português".
Nesse caso, e quando os alunos apresentem "muito baixo nível do domínio da língua portuguesa podem utilizar o smartphone como instrumento de tradução de modo a facilitar a sua comunicação", esclarece.
Mas há outras exceções como "na sala de aula onde se desenvolvam atividades letivas, desde que para fins didáticos e pedagógicos e mediante de autorização de pré-aviso do professor responsável, ficando o professor vigilante pela sua adequada utilização e garantia de equidade entre todos", adianta.
Os alunos com problemas de saúde devidamente comprovados e monitorizados por dispositivos eletrónicos, controlados por aplicações de telemóveis, como por exemplo controles de glicemia em alunos diabéticos podem ter os dispositivos em seu poder e permanentemente ligado, acrescenta o professor.
A quarta exceção refere-se aos alunos com outros problemas de saúde devidamente comprovados e com parecer da equipa multidisciplinar de apoio à educação inclusiva.
Esses alunos são também autorizados a utilizar os telemóveis fora das salas de aula ou noutros locais onde não se desenvolvam atividades letivas.
Carolina Soares, 10 anos, que começou esta segunda-feira na escola Fontes Pereira de Melo, vai para o 5.º do ensino articulado em Teatro e afirma que gosta da regra que proíbe o telemóvel na escola.
"Não tenho telemóvel. Eu não sou muito de telemóvel. Há um mundo inteiro cá fora. A vida cá fora é que importa e conviver também faz bem", declara Carolina, revelando que o seu passatempo preferido é "pintar paisagens e naturezas mortas" e que gosta de pintar em "equipas, mas sem competição".
Segundo Carolina, há crianças da sua antiga escola que tinham telemóvel desde os 7 anos e que se "acham mais populares" por terem telemóvel.
Uma amiga de Carolina, a Maria João Alves, 10 anos de idade e que também vai para o 5.º ano do ensino articulado em Teatro, confessa que tem um Nokia, mas que só serve para mandar mensagens escritas e fazer ligações. "Nem sequer tira fotos", refere.
Maria João considera positivo não haver telemóveis na escola, porque gosta de brincar e assim sobram mais crianças para brincarem com ela.
"Eu não consigo brincar com as minhas amigas que têm telemóvel, porque sou logo isolada e depois tenho de brincar sozinha", lamenta.
José Maria, 9 anos, joga xadrez na Biblioteca e conta que também considera benéfica a proibição do telemóvel.
"Acho bem que não haja telemóvel para eu poder brincar. Se houver telemóvel ninguém brinca", concluiu José Maria, enquanto faz um 'check mate' ao parceiro no jogo de tabuleiro.
Este ano letivo neste agrupamento e, aplicando a legislação geral, todos os alunos do pré-escolar ao 1.º ciclo não podem utilizar 'smartphones', 'smartwatches', telemóveis e dispositivos de aplicação móveis em todos os espaços escolares, quer interiores, quer exteriores das escolas.
Ao nível do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico- o agrupamento tem cinco escolas- também não é permitida a utilização destes dispositivos.
"Antes da entrada no recinto escolar os dispositivos eletrónicos devem ser obrigatoriamente desligados e guardados nas suas mochilas, sacos ou similares", segunda indica a regra lida pelo professor Miguel Pais.
Os alunos do ensino secundário também não podem utilizar nem smartphones', nem 'smartwatches', nem telemóveis em "todos os blocos de aulas e em todos os espaços devidamente sinalizados, incluindo a sala de aula".
No caso do secundário, antes da entrada no bloco de aulas, os dispositivos eletrónicos devem ser "obrigatoriamente desligados, colocados em modo silêncio e guardados nas mochilas e similares", assinala o docente.