"Essa vergonha, dos médicos tarefeiros, tem de acabar”, diz Pedro Santana Lopes sobre encerramento de urgências de obstetrícia e ginecologia

Inês Simões Gonçalves | 15 de Setembro de 2025 às 23:09
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Presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes

Pedro Santana Lopes disse que a situação “começou há anos” e que “vamos ter as mesmas cenas, enquanto a situação não for resolvida”.

O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, esteve no programa Informação Privilegiada no NOW na noite desta segunda-feira e falou sobre o encerramento das urgências em Setúbal durante o dia. 

As urgências de obstetrícia e ginecologia dos hospitais de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, de São Bernardo, em Setúbal e de Abrantes estiveram fechadas esta segunda-feira. Face à falta de profissionais para garantir os serviços, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou esta sexta-feira uma nova legislação que vai clarificar o regime de contratos de trabalho em prestação de serviços na saúde. A ministra admitiu que Portugal tem uma grande dependência desse tipo de trabalho e esteve reunida com os Conselhos de Administração das três Unidades Locais de Saúde encerradas. 

Pedro Santana Lopes disse que a situação “começou há anos”, e que conhece a questão dos “médicos tarefeiros”. 

“Conheço principalmente, enquanto provedor da Santa Casa [da Misericórdia], esta questão dos médicos tarefeiros. São médicos contratados para prestar trabalho extraordinário, não nos hospitais [onde trabalham]. Assim, recusam-se a [fazer] horas extraordinárias”, explicou. 

O autarca considerou estranho o facto de a ministra da Saúde “só agora ter convocado essa reunião, porque todos os fins-de semana temos fechos”. No entanto, não acredita que a saída de Ana Paula Martins do Governo possa resolver o problema. 

“Tenho a noção de que, [caso] saia a ministra e entre outro, vamos ter as mesmas cenas, enquanto a situação não for resolvida. Essa vergonha, dos tarefeiros, tem de acabar”, explicou. 

Pedro Santana Lopes afirmou que “não há outra hipótese senão a contratação efetiva de profissionais”. 

“Há que fazer contas, dizer quanto é que custa a contratação efetiva. Custa mais dinheiro, mas nós temos de fazer seja o que for para acabar com esta farsa, em que o médico pertence a um hospital, mas faz urgência noutro. Isto é brincar”, concluiu.