Ex-presidentes da Colômbia instam Petro a dar "definição clara" da relação com Maduro

Lusa | 21 de Outubro de 2025 às 09:14
Ex-presidentes da Colômbia instam Petro a dar 'definição clara' da relação com Maduro
Ex-presidentes da Colômbia instam Petro a dar "definição clara" da relação com Maduro FOTO: Ronald Pena R/LUSA_EPA

A declaração surgiu no contexto da suspensão da ajuda à Colômbia decretada por Trump, que ameaçou mesmo com uma intervenção militar direta, se Petro não fechar imediatamente as zonas de produção de drogas no país latino-americano.

Os ex-presidentes da Colômbia Álvaro Uribe e Andrés Pastrana instaram o atual mandatário, Gustavo Petro, a dar uma “definição clara” da relação com homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, que designaram como “chefe do Cartel de Los Soles”.

“Exigimos ao senhor Presidente Petro uma definição clara da sua relação com o chefe do Cartel de Los Soles, Nicolás Maduro Moros, bem como uma explicação do chamado Pacto de La Picota e da consequente coincidência das conversações posteriores denominadas Paz Total com grupos de organizações criminosas do narcotráfico disfarçadas com estatuto político”, afirmaram na segunda-feira Uribe e Pastrana numa declaração conjunta.

La Picota é um centro penitenciário em Bogotá, onde o ex-alto comissário para a Paz, Danilo Rueda, e o irmão mais novo de Petro, Juan Fernando Petro Urrego, se reuniram com vários presos, coincidindo com o período de campanha eleitoral das últimas presidenciais em 2022.

Os dois ex-chefes de Estado relacionam ainda esses encontros com a chamada lei da “paz total”, que permitiu ao Governo colombiano dialogar com grupos armados desde o final desse ano, em que Petro foi eleito.

Pastrana e Uribe justificam a declaração alegando um “sentido patriótico e profunda preocupação” em plena crise diplomática entre a Colômbia e os Estados Unidos, ligando o pedido de explicações a Petro detalhado no texto com a acusação feita pelo inquilino da Casa Branca, Donald Trump, que definiu o Presidente colombiano como “líder do narcotráfico”.

Petro escusou-se a responder à carta por alegado “respeito à justiça da Colômbia”, criticando ainda os “dois ex-presidentes suspeitos de ligações com um dos maiores negócios da Colômbia”, e sublinhando que “um deles foi condenado e cumpre pena”, numa referência a Uribe, condenado a doze anos de prisão domiciliária por suborno de testemunhas e fraude processual.

A declaração dos dois ex-governantes surgiu no contexto da suspensão da ajuda à Colômbia decretada pelo Presidente norte-americano no passado domingo, uma assistência que Donald Trump classificou como “fraude a longo prazo”, em declarações nas quais ameaçou mesmo com uma intervenção militar direta, se Petro não fechar imediatamente as zonas de produção de drogas no país latino-americano.

Petro afirmou em resposta que Trump está a ser enganado pelos “seus conselheiros”, garantindo a Washington que ele, enquanto Presidente colombiano, é o principal inimigo dos “narcos” do país.