Fátima Galante diz que ajudou Rangel devido a dificuldades com as ferramentas Word

Débora Carvalho | 23 de Julho de 2024 às 14:55
FOTO: Mariline Alves

A ex-juíza atuou sempre "num espírito de solidariedade e ajuda, de boa-fé, de forma altruísta, nunca por qualquer interesse económico (ou outro)."

A ex-juíza Fátima Galante, suspeita de ser cúmplice de Rui Rangel num esquema de venda de decisões judiciais no Tribunal da Relação de Lisboa, diz que aceitou ajudar Rangel devido às dificuldades sentidas pelo então magistrado em manusear as ferramentas Word.

Segundo a acusação, “Fátima Galante desenvolveu com Rui Rangel e Bruna Amaral uma estreita colaboração com vista à elaboração de acórdãos nos processos distribuídos a Rangel, limitando-se o juiz a assinar os acórdãos, que tinham sido previamente redigidos pelas arguidas”.

Na contestação da acusação do processo Lex, Galante garante que o que fez foi uma mera formatação, colocação do logótipo do Tribunal da Relação de Lisboa e correção de lapsos ou erros gramaticais.

Dizia ainda que “nada tinha que ver com o mérito da decisão, nem nunca a arguida ajuizou ou fez sugestões em matéria penal e processual penal, nem se atreveria, pois as não domina. A arguida sempre atuou num espírito de solidariedade e ajuda, de boa-fé, de forma altruísta, nunca por qualquer interesse económico (ou outro).”

O Ministério Público sustenta que durante anos, Rangel e Galante fizeram centenas de acórdãos a dois. Eram juízes de secções diferentes do Tribunal da Relação de Lisboa e não podiam partilhar informação dos processos um com o outro.