Governo de Meloni é já o terceiro mais duradouro da República Italiana

Lusa | 20 de Outubro de 2025 às 17:34
Giorgia Meloni
Giorgia Meloni FOTO: AP

Num mandato que tem sido marcado pela implementação de uma agenda conservadora, pelo combate à imigração ilegal e pelas disputas com o poder judicial, que pretende reformar, Meloni, 48 anos, também logrou afirmar-se como uma figura credível na cena internacional, sendo dos poucos líderes europeus a merecer recorrentes elogios do Presidente norte-americano, Donald Trump.

O Governo ultraconservador liderado por Giorgia Meloni atinge esta segunda-feira a marca de 1094 dias, tornando-se, contra todas as expectativas, o terceiro com maior longevidade da República italiana, na semana em que cumpre três anos de mandato.

Desde o final da II Guerra Mundial, em 1945, e o fim da monarquia, decidido em referendo no ano seguinte, a República italiana teve, ao longo dos seus 79 anos, 68 governos, o que significa que a ‘esperança de vida’ média de um governo em Itália é de sensivelmente 13 meses.

Dada a facilidade e frequência com que os governos, sobretudo de coligação, caem em Itália, muitos prognosticaram mais um governo efémero na sequência da vitória dos Irmãos de Itália, de Meloni, nas eleições de setembro de 2022, que levou este partido pós-fascista a formar um executivo de coligação com a Força Itália (direita) e a Liga (extrema-direita).

Na quarta-feira, o primeiro governo liderado por uma mulher em Itália cumpre três anos de mandato (iniciado a 22 de outubro de 2022) e, desde esta segunda, alcançou o pódio dos mais duradouros.

Com a marca alcançada, Meloni supera a longevidade do governo liderado por Bettino Craxi (1093 dias, entre 1983 e 1986) e, à sua frente, tem agora apenas dois executivos liderados pelo mesmo primeiro-ministro, o magnata Silvio Berlusconi, falecido em 2023, que foi chefe de Governo por três ocasiões, detendo o recorde do governo mais duradouro (o seu segundo, que cumpriu 1412 dias, entre 2001 e 2005, assim como do segundo com maior longevidade (1287 dias, entre 2008 e 2011).

ste feito alcançado pelo executivo italiano considerado mais de direita desde a II Guerra Mundial e dos tempos de Benito Mussolini — ditador fascista que Meloni elogiava na sua juventude — foi assinalado pela própria primeira-ministra na sua conta oficial na rede social X, com a chefe de Governo a afirmar-se honrada por liderar “o terceiro executivo mais longevo da história”.

“Gostaria de agradecer a todos. O vosso apoio e a vossa confiança são o motor da nossa ação diária. Continuaremos a trabalhar com seriedade, determinação e sentido de responsabilidade para estar à altura do mandato que nos confiaram”, escreveu a líder dos Irmãos de Itália e do Governo de coligação.

Apostada em cumprir os cinco anos de mandato, Meloni, ao fim de três anos, não só mantém intacta a sua popularidade em Itália como continua a subir nas intenções de voto: as mais recentes sondagens revelam que se houvesse eleições agora, a líder dos ‘Fratelli d’Italia’ voltaria a vencer, com cerca de 30% dos votos, acima do resultado que lhe conferiu o triunfo nas eleições legislativas de 2022 (26%) e com uma vantagem confortável sobre o principal partido da oposição, o Partido Democrático (centro-esquerda), com 22%, enquanto Liga e Força Itália conseguiriam ambos resultados em torno dos nove por cento, tal como há três anos.

Um dos motivos apontados para Meloni manter o seu ‘estado de graça’ é o facto de ter conseguido estabilizar a economia italiana, que, 15 anos após a crise da dívida soberana, conseguiu reconquistas a confiança dos mercados, registando-se também uma forte queda na taxa de desemprego no pís.

Recentes eleições locais em Itália também têm revelado que os Irmãos de Itália de Meloni continuam a ser na atualidade a principal força política no país, beneficiando igualmente de uma oposição de esquerda dividida entre o Partido Democrático e os populistas do Movimento 5 Estrelas.

As condições parecem estar assim reunidas para que o executivo de Giorgia Meloni faça história em Itália, até porque, apesar de algumas disputas no seio da coligação, designadamente com o líder populista da Liga, Matteo Salvini — um dos dois vice-primeiros-ministros, a par de Antonio Tajani, sucessor de Berlusconi à frente da Força Itália —, os partidos que formam o governo têm conseguido evitar crises internas e gozam de uma confortável maioria no parlamento.

Num mandato que tem sido marcado pela implementação de uma agenda conservadora, pelo combate à imigração ilegal e pelas disputas com o poder judicial, que pretende reformar, Meloni, 48 anos, também logrou afirmar-se como uma figura credível na cena internacional, sendo dos poucos líderes europeus a merecer recorrentes elogios do Presidente norte-americano, Donald Trump, tendo sido de resto a única líder da UE presente na sua tomada de posse.