Atualmente, o Estabelecimento Prisional de Beja detém 55 guardas prisionais para "cerca de 200 reclusos".
Os guardas do Estabelecimento Prisional (EP) de Beja começaram esta terça-feira uma greve total, com uma adesão de 95% ao longo do dia, contra a "constante falta de segurança" na instituição, argumentou um dirigente sindical do setor.
O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais, explicou à agência Lusa que, dos 20 guardas escalados para o dia desta terça-feira neste EP, só um não fez greve, mas todos asseguraram os serviços mínimos estabelecidos.
"A greve teve início às 00h00 e vai continuar até haver vontade de mudar", referiu o mesmo responsável.
Em causa, segundo Frederico Morais, estão as "quebras de segurança enormes" e a "má gestão" da direção do EP de Beja, que, alegou, “está à deriva” e sem "uma visão macro de segurança".
Desde dia 01 de dezembro que os guardas prisionais do EP de Beja estão em protesto, inicialmente com a recusa em fazer horas extraordinárias e, a partir desta terça-feira, com a greve total, que vai prolongar-se até 31 de janeiro, de acordo com o presidente do sindicato.
Esta paralisação, precisou, vai traduzir-se em "limitar as atividades dos reclusos", com a assunção "apenas dos serviços mínimos".
Ou seja, os reclusos "terão acesso à higiene, à saúde e à alimentação, mas estarão fechados 22 horas por dia", explicou.
"Não irá haver cante alentejano, as saídas dos reclusos para o exterior serão só em caso destes terem a sua vida em perigo ou para tratamentos para a tuberculose, hepatite, sida ou Covid" e para dar cumprimento a “apresentações nos tribunais, quando houver alteração da medida de coação", esclareceu.
Os guardas prisionais do EP Beja já tinham estado em greve no mês de outubro, mas "suspenderam temporariamente a paralisação" para garantir uma "ronda de negociações" com a direção, lembrou o dirigente sindical.
"Apresentámos uma proposta à diretora [e] os representantes do sindicato localmente tiveram uma reunião", mas não houve entendimento, acrescentou.
"Um EP não é uma escola primária, nem um jardim-de-infância e as pessoas estão lá porque um juiz de direito decidiu que não podiam viver em sociedade devido aos crimes que cometeram", argumentou Frederico Morais, defendendo que os reclusos "têm que ser reeducados e reinseridos na sociedade através de normas e regras".
Atualmente, o Estabelecimento Prisional de Beja detém 55 guardas prisionais para "cerca de 200 reclusos".
A Lusa enviou perguntas, através de correio eletrónico, dirigidas à diretora do EP de Beja, mas ainda não obteve resposta.
A Lusa contactou também a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, que se escusou a comentar qualquer dado referente à greve.