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Guterres alerta para "onda de misoginia" a espalhar-se pelo mundo

Lusa | 22 de Setembro de 2025 às 17:45
António Guterres
António Guterres FOTO: AP

O antigo primeiro-ministro português salientou que em cada região, em cada país e em cada comunidade, mulheres e raparigas lutam pelos seus direitos e exigem liberdades, combatem práticas abusivas, mobilizam-se por proteções legais e organizam-se para ocupar o seu lugar de direito à mesa nas decisões e nos processos de paz.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou esta segunda-feira para uma "onda de misoginia" a espalhar-se pelo mundo e para o facto de que conquistas duramente alcançadas em relação à igualdade de género estarem atualmente "sob ataque".

Numa reunião de alto nível em que se assinalou o 30.º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, Guterres avaliou que o progresso idealizado em Pequim há 30 anos tem sido lento e desigual, frisando que "nenhuma nação" alcançou a igualdade plena para as mulheres e raparigas.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número cinco, que diz respeito à igualdade de género, "está muito atrasado" e, enquanto isso, "multiplicam-se os conflitos e os desastres climáticos", sendo que os "direitos humanos das mulheres e das meninas são vítimas de ambos", afirmou Guterres.

"Barreiras culturais e estruturais permanecem enraizadas. A tecnologia está a espalhar ódio como um vírus. E uma onda de misoginia está a espalhar-se pelo mundo. Sejamos claros: a igualdade de direitos e de oportunidades não é uma questão partidária. São imperativos globais e a base da paz, da prosperidade e do progresso", defendeu o líder da ONU.

O antigo primeiro-ministro português salientou que em cada região, em cada país e em cada comunidade, mulheres e raparigas lutam pelos seus direitos e exigem liberdades, combatem práticas abusivas, mobilizam-se por proteções legais e organizam-se para ocupar o seu lugar de direito à mesa nas decisões e nos processos de paz.

"As Nações Unidas apoiam estes esforços. Todos os líderes devem fazer o mesmo", instou, deixando claro "que a tradição não pode desculpar a opressão".

O secretário-geral indicou que, no início deste ano, os Estados-membros deram um importante passo em relação a este assunto, com a adoção de uma nova declaração política em que se comprometeram a implementar a Declaração e a Plataforma de Ação de Pequim, "de forma rápida e integral".

"Todos os países devem assumir esta responsabilidade. Precisamos de um apoio forte e visível aos mais altos níveis e de planos concretos, suportados por investimentos reais", apelou.