IMI das barragens: Movimento acusa Governo de “capitular” perante elétricas e permitir “apagão fiscal”

Jornal de Negócios | 20 de Outubro de 2025 às 16:42
Nova barragem no rio Dão, obra com financiamento do PO Sustentável 2030, tem custo previsto de 35 milhões de euros
Nova barragem no rio Dão, obra com financiamento do PO Sustentável 2030, tem custo previsto de 35 milhões de euros

A proposta que o Governo tem em preparação prevê que as barragens passem a pagar IMI, mas deixa no vazio as avaliações e liquidações feitas até ao momento. Movimento Terras de Miranda considera que se “vai eliminar todo o IMI a pagar pelas concessionárias de barragens, eólicas e fotovoltaicas, devido até agora”.

A proposta do Governo para regular o pagamento de IMI pelas barragens consagra, na prática, “um apagão fiscal” e representa uma “capitulação” por parte do Estado, na medida em que “vai eliminar todo o IMI a pagar pelas concessionárias de barragens, eólicas e fotovoltaicas, devido até agora”. 

O alerta vem do Movimento Terras de Miranda e surge para avançar com a tributação em IMI dos centros eletroprodutores de energias renováveis, onde se incluem, nomeadamente, as barragens. 

De acordo com a proposta, a ideia é que o código do IMI passe a conter uma norma que prevê, expressamente, que nestes casos haverá lugar ao pagamento do IMI. Determinam-se novas regras para avaliar este tipo de prédio para efeitos fiscais e prevê-se uma avaliação geral a realizar dentro dos próximos três anos.

admitem que o facto de passar a constar no código que os centros eletroprodutores de energias renováveis são sujeitos passivos de IMI, sendo as concessionárias responsáveis pelo respetivo pagamento, abre a porta a que se alegue que é o próprio legislador a reconhecer que até agora não o eram. 

Num comunicado emitido esta segunda-feira, o Movimento Terras de MIranda,  que lançou a discussão com a exigência de pagamento de impostos por parte das barragens vendidas pela EDP à Movhera em 2020 - sublinha que a nova lei vai “legitimar que as concessionárias peçam indemnizações ao Estado, para reposição do equilíbrio contratual dos contratos de concessão, pelo valor do IMI futuro a pagar, pelo que, quem vai suportar esse IMI vão ser todos os contribuintes portugueses”. 

Trata-se de “um verdadeiro jackpot para a EDP e as concessionárias, que assim se livram de pagar o IMI para sempre” e de “um prejuízo brutal para as populações dos 135 municípios onde se situam as barragens e os centros electroprodutores”, acrescenta o comunicado. 

O IMI das barragens, recorde-se, anda há mais de uma década envolto em polémica e em inúmeras impugnações nos tribunais, com as empresas a contestarem as avaliações feitas pelo Fisco e as notas de liquidação que lhes têm chegado.

E mesmo com a nova lei, , na medida em que as novas regras de avaliação passam, nomeadamente, a prevêr que também os equipamentos - e não apenas as construções - sejam levados em conta para o cálculo do valor patrimonial tributário, o que é suscetível de nova litigiosidade.

“Tentarem vender-nos esta alteração como se fosse boa para todos nós é apenas uma tentativa pobre e descarada de nos enganarem”, remata o Movimento Terras de Miranda no seu comunicado.