Imigrantes agendam manifestação para 17 de setembro em frente ao Parlamento

Lusa | 10 de Setembro de 2025 às 09:37
Imigrantes agendam manifestação para 17 de setembro em frente ao Parlamento
Imigrantes agendam manifestação para 17 de setembro em frente ao Parlamento FOTO: Luís Forra/LUSA_EPA

Dia 17 reiniciam-se também os trabalhos em plenário na Assembleia da República e, na agenda dos deputados, está marcada a continuação do debate sobre a lei da imigração e a lei da nacionalidade.

Imigrantes a trabalhar no Porto, Lisboa, Odemira e Algarve marcaram para dia 17 de setembro uma manifestação em frente à Assembleia da República numa altura em que há 80 detidos num centro de instalação temporária em Portugal.

A revelação foi feita à Lusa pelo ex-deputado do BE José Soeiro no final de uma reunião que decorreu na terça-feira, no Porto, entre imigrantes de vários países para tentar agregar o máximo de pessoas para a manifestação.

Segundo José Soeiro, a escolha do dia 17 prende-se com o facto de nessa data se "reiniciarem os trabalhos em plenário na Assembleia da República" e, na agenda dos deputados, estar a retoma do "debate sobre a lei da imigração e a lei da nacionalidade" dois diplomas "devolvidos à Assembleia da República por causa do chumbo do Tribunal Constitucional".

"E é importante que nesse dia, quando se reinicia essa discussão, ela tenha em conta a voz de milhares de imigrantes que se estão a mobilizar no Algarve, Odemira, em Lisboa e no Porto, para estar frente ao Parlamento no dia 17 às 14 horas", explicou o ex-deputado que falou enquanto membro da Associação Solidariedade Imigrante.

Sobre os "80 imigrantes detidos por determinação da Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) por registarem passagens noutros países antes de chegarem a Portugal e não por terem cometido qualquer crime", sublinhou José Soeiro, o deputado acusou o Governo de "gastar muito dinheiro no estado penal em políticas repressivas contra os trabalhadores imigrantes, a construir centros de detenção" enfatizando que "o Estado está a usar verbas do PRR que deviam ser para habitação para construir centros de detenção para trabalhadores imigrantes".

"O Estado devia estar a utilizar esse dinheiro para pôr os serviços públicos, nomeadamente a AIMA, a funcionar para respeitar a lei que não está a ser respeitada, para garantir a regularização de imigrantes que já fazem descontos aqui há dois, três, quatro anos", insistiu.

No contexto da manifestação, uma comitiva de oito imigrantes, em representação das quatro origens em que estão a trabalhar em Portugal, pretende entregar um documento ao presidente da Assembleia da República que contém as reivindicações que estão na base do protesto.

A organização está a cargo da Associação Solidariedade Imigrante e do coletivo de imigrantes que organizou em julho o último protesto frente ao Centro de Instalação Temporária, no Porto.

Os imigrantes reivindicam o direito a documentos, ao reagrupamento familiar, a libertação dos imigrantes detidos nos centros de instalação temporária sem terem cometido qualquer crime, bem como respeito, dignidade e justiça.