Investigação Sábado: O poder estrangeiro que dominou Portugal

Débora Couceiro | 21 de Novembro de 2024 às 10:59
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Investigação Sábado

São maioritariamente chineses, angolanos, espanhóis e franceses aqueles que controlam as maiores empresas, como a EDP, a REN e a ANA, e como conclui a revista Sábado, é quem tem dinheiro para investir, o que falta por cá.


Há 20 anos todas as empresas do principal índice da bolsa eram portuguesas. Hoje, a proporção inverteu-se e agora nas 16 maiores empresas da bolsa nacional, os estrangeiros dominam cerca de 60 por cento das participações qualificadas.

O setor financeiro, uma das áreas estratégicas da economia, é o melhor exemplo deste fenómeno. Dois terços dos ativos sob gestão no sistema bancário nacional estão em bancos detidos na totalidade ou maioritariamente por acionistas estrangeiros, neste caso, espanhóis.

É o caso do Totta, comprado pelo espanhol Santander em 2020, assim como do BPN, BANIF, Barclays, BPI e EuroBic. 

Também o banco CTT, vê uma parte cedida ao grupo espanhol Indumenta.

A banca e o estado são dois focos da transferência do poder para fora, mas há mais, como é o caso do setor da energia, área onde predomina o estado chinês.

Olhando para o caso da EDP, a China Three Gorges é o maior acionista e a venda da empresa foi o primeiro grande encaixe para o estado, aflito e pressionado pela Troika para vender este e outros anéis. A venda rendeu 2,69 milhões de euros, sendo que grande parte do dinheiro foi para abater à dívida pública.

Portugal é o único país da União Europeia em que a empresa que gere a rede elétrica é totalmente privada e estrangeira.

Nas infraestruturas e analisando o caso da REN, a privatização começou em 2007, com a venda de 24% em bolsa, e até 2012, o estado abdicaria do controlo da empresa.

Hoje, o maior acionista é a chinesa State Grid, que arrecadou 349 milhões de euros em dividendos brutos, cerca de 90 por cento do que pagou pela participação cujo valor de mercado é idêntico ao de 2012.

A ANA e a Brisa foram também vendidas na totalidade.

No setor dos seguros 90 por cento fala estrangeiro. Só a Lusitânia é uma exceção e ainda pertence à mutualista Montepio, porque falhou em 2018 a venda a um grupo chinês.

A cimenteira CIMPOR já foi brasileira e turca, agora pertence à chinesa Taiwan Center Corporation.

Também a EFACEC, empresa de engenharia, depois de nacionalizada em 2020, foi vendida ao fundo Mutares.

Na saúde, destaque para os hospitais privados de Portugal, hoje Lusíadas saúde, que foram comprados pela empresa francesa Vivalto Santé.

Já a Fosun detém quase a totalidade do grupo Espírito Santo.

Nas telecomunicações, a Portugal Telecom, que já estava a fundir-se com a OI, foi comprada pela francesa Altice, que tem atualmente a empresa à venda.

A investigação com a marca da Sábado dá a conhecer o poder estrangeiro que domina o nosso país e conclui que a razão é só uma: as empresas que vêm ganhando espaço em Portugal são provenientes de países que têm dinheiro para investir, que é o que falta por cá.