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Jornalista Ana Leal revela as "condições sub-humanas" a que os imigrantes ilegais são expostos em Martim Moniz

| 14 de Fevereiro de 2025 às 16:15
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Ana Leal

Ana Leal esteve no NOW e também revelou que nestes espaços há uma exploração constante desses imigrantes, com uma verdadeira hierarquia em que alguns "mandam" nos outros e recebem o dinheiro das rendas.

A jornalista Ana Leal esteve no NOW esta sexta-feira e relatou a experiência dos dias que passou no Martim Moniz, em Lisboa, para conhecer de perto o submundo dos imigrantes ilegais.

Durante a sua investigação, Ana Leal visitou dezenas de casas e descreveu-as como "um verdadeiro submundo", onde milhares de imigrantes, principalmente do Bangladesh, mas também da Índia e do Nepal, vivem em condições extremas.

Ana Leal detalhou as condições deploráveis das habitações, onde, no exterior, não se adivinha a situação de miséria que se vive dentro.

"É um verdadeiro barril de pólvora, com bilhas de gás e material inflamável amontoado, onde várias famílias partilham o mesmo ambiente. Chegámos a encontrar casas com mais de cinquenta imigrantes distribuídos por andares de um prédio", explicou.

A jornalista também revelou que nestes espaços há uma exploração constante desses imigrantes, com uma verdadeira hierarquia em que alguns "mandam" nos outros e recebem o dinheiro das rendas.

"Há camas alugadas à hora, em que pagam entre cinco a dez euros. Em outros casos, um quarto com quatro beliches, ocupado por imigrantes, chega a custar 800 euros a cada um", relatou.

De acordo com a jornalista, a maioria destes imigrantes está em situação ilegal em Portugal e muitos chegam já com contactos feitos em território português, o que facilita a sua entrada e permanência nas condições precárias.

A Presidente da Junta de Freguesia da Roios, que também se envolveu na investigação, denunciou a existência de uma "máfia organizada" que lucra com o sofrimento dos imigrantes, composta por portugueses e imigrantes que já se encontram em Portugal.

Ana Leal também destacou que, apesar das condições indignas, muitos imigrantes acreditam que ainda estão melhores em Portugal do que nos seus países de origem, como o Bangladesh.

A jornalista observou ainda que, apesar da barreira linguística, os imigrantes permitiram a sua entrada nas casas e responderam às perguntas feitas, sem hostilidade, o que a surpreendeu.

"O facilitismo é tão grande que muitos deles não têm receio de mostrar essa ilegalidade", concluiu.

Ana Leal referiu também que a Polícia Judiciária já está a investigar o caso, mas alertou para a demora dos processos de investigação.

"O tempo da justiça é diferente do tempo de uma investigação jornalística", afirmou, destacando que os jornalistas conseguem chegar mais depressa a estas realidades.