Julgamento de agente que disparou sobre Odair Moniz começa esta terça-feira

| 21 de Outubro de 2025 às 11:28
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Julgamento de agente que disparou sobre Odair Moniz começa esta terça-feira

A morte de Odair causou uma verdadeira onda de choque por toda a Área Metropolitana de Lisboa. Durante uma semana, tumultos repetiram-se todas as noites.

Esta terça-feira, faz um ano que Odair Moniz foi morto com dois disparos de um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), no bairro da Cova da Moura, na Amadora. O agente vai começar a ser julgado esta quarta-feira no Tribunal de Sintra, num dos casos mais mediáticos nos últimos anos em Portugal.     

Odair Moniz não terá respeitado a ordem de paragem da PSP e entrou a alta velocidade no bairro da Cova da Moura. O homem do Zambujal foi perseguido pelos agentes até a viatura embater noutros carros, já no interior do bairro. Odair terá resistido à detenção e, no meio do conflito físico, o agente mais novo, disparou primeiro para o ar e depois contra Odair.   

À queima-roupa, um dos tiros atingiu-o debaixo do braço e o outro acertou na virilha. O primeiro veio ser fatal. O homem de 43 anos viria a morrer pouco tempo depois no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.  

A morte de Odair causou uma verdadeira onda de choque por toda a Área Metropolitana de Lisboa. Durante uma semana a capital ficou verdadeiramente a ferro e fogo. Primeiro como resposta e alegado protesto, mas depois apenas como aproveitamento da situação, tumultos repetiram-se todas as noites em cada canto de Lisboa.  

Houve carros vandalizados, caixotes do lixo queimados, ataques a bombas de gasolina e esfaqueamentos. Em Santo António dos Cavaleiros, um grave incêndio num autocarro quase custou a vida ao motorista. 

As noites eram pautadas por petardos, sirenes e disparos das forças de segurança. Um descontrolo total que colocou em risco a vida e os bens de tanta gente que em nada estava relacionada com a morte de Odair Moniz.   

Em paralelo, as autoridades investigavam a fatídica situação no bairro da Cova da Moura. Os agentes alegavam que Odair não tinha acatado a ordem de paragem e que tinha ameaçado usar uma arma branca. Um punhal que pertencia a Odair foi encontrado no local, mas agora sabe-se que foi colocado perto do corpo, menos de meia hora depois do tiro fatal.  

Além das imagens de videovigilância, há também vídeos amadores de um morador que foram anexados ao processo. Numa montagem, a Polícia Judiciária conseguiu colocar as imagens das câmaras de videovigilância cruzadas com as imagens do morador, o que permitiu obter diferentes perspetivas e perceber que a arma branca não estava lá na altura dos disparos.  

Dois agentes da PSP que acompanhavam o agente que terá disparado sobre Odair Moniz foram constituídos arguidos por falso testemunho sobre a faca que apareceu no local. Quanto ao autor dos disparos, foi suspenso de funções e acusado de homicídio. 

O julgamento começa no Tribunal de Sintra, no dia 22 de outubro, num dos casos de justiça mais relevantes socialmente nos últimos anos em Portugal.  

O país divide-se na opinião num caso onde se espera grande contestação, qualquer que seja a decisão do tribunal, num momento de grande tensão para todos os envolvidos.