Carlos 'Nini'
O valor é referente a uma pensão paga pela segurança social. Carlos 'Nini' está em prisão preventiva.
Carlos 'Nini', 51 anos, lucrava com a importação de avultadas quantidades de cocaína, heroína e canábis. Envolveu-se em esquemas de tal forma obscuros que chegou a ser baleado duas vezes - em 2022 e em 2024. Mas, pelo menos entre 2020 e 2023, o líder de dessa rede internacional de tráfico de droga recebeu mais de 5600 euros, referentes a uma pensão paga pela Segurança Social. Foi agora acusado pelo Ministério Público de tráfico de droga, ameaça agravada, detenção de arma proibida e branqueamento e está preso.
O esquema contava com a participação de outros cúmplices, entre os quais a sua ex-mulher. Alguns dos 'negócios' correram-lhe mal. Em 2022, por exemplo, mais de 20 kg de cocaína foram-lhe roubados, o que gerou uma onda de ameaças e confrontos que culminaram com um tiroteio em que foi atingido a tiro numa perna, indica o "JN".
Num outro caso, já em 2024, importou 90 kg de cocaína, escondidos no fundo de caixas com bananas, mas os frutos apodreceram e comprometeram a droga - que veio do Equador por via marítima e chegou ao porto de Leixões, em Matosinhos. Nesta altura, a Polícia Judiciária já seguia de perto todos os passos desta rede - e os mesmos acabaram detidos.
Carlos 'Nini' pensava em tudo ao pormenor e até colocava rastreadores nos pacotes para, assim, os poder seguir desde o ponto de partida e até ao destino final. Por norma, a droga era importada sempre com mercadoria legítima, através de contentores marítimos. Sempre que fazia algum género de comunicação tinha sempre muito cuidado nas palavras utilizadas. A droga, por exemplo, era chamada de 'peça'; o dinheiro 'bagulho' ou 'dimdim'; os contentores eram 'lata'; os navios 'uber' e os aviões eram apelidados de 'balão'. A rede de 'Nini' tinha ligações ao Brasil e a Espanha.
A acusação indica que 'Nini' contava com o apoio de, pelo menos, três reclusos que, mesmo estando presos na cadeia de Paços de Ferreira, o ajudavam através de telemóveis que tinham em meio prisional.