Miguel Reis começou esta quinta-feira a prestar declarações na Operação Vórtex

Sara Barbosa Oliveira | 07 de Março de 2025 às 09:54
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Operação Vórtex

Admitiu ter aceitado um jantar oferecido por Francisco Pessegueiro no restaurante do empresário para não "armar barraco", mas garante que não mantinham relações pessoais.

Na 24.ª sessão de julgamento da Operação Vórtex, o ex-presidente da Câmara Municipal de Espinho, Miguel Reis, começou a prestar declarações. Nas notas introdutórias acabou por dar uma explicação bastante detalhada ao coletivo de juízes sobre os pelouros que detinha na autarquia, a reestruturação administrativa que foi feita durante o mandato e sobre a elevada quantidade de trabalho que muitas vezes não permitia ao arguido acompanhar todos os processos de perto.

Miguel Reis referiu que muitos despachos seguiam com parecer favorável sem a sua vistoria prévia, uma vez que sempre confiou nos serviços da Câmara Municipal, e reiterou que nunca foi contrariada nenhuma decisão tomada pelos restantes departamentos.

Ao juiz Carlos Azevedo disse que não tinha nenhuma relação pessoal com o empresário Francisco Pessegueiro, co-arguido no processo, e mencionou que a primeira vez que se encontraram foi durante a campanha eleitoral numa reunião de cumprimentos. Seguiu-se a primeira troca de mensagens no dia em que venceu as eleições autárquicas para a Câmara de Espinho, com felicitações de Pessegueiro. Viriam a trocar impressões mais tarde em maio de 2022, quando Miguel Reis marcou um jantar de aniversário para a mulher no restaurante A Cabana, gerido pelo empresário.

Em tribunal, Pessegueiro admitiu que sabia que Miguel Reis tinha feito a reserva e terá oferecido o jantar, o bolo e a champanhe, por forma a estreitar relações. A mulher do ex-autarca não gostou da surpresa e o jantar acabou por não continuar.

Miguel Reis diz que acabou por aceitar a oferta de Francisco Pessegueiro porque "não queria armar barraco”, mas ter-lhe-á dito para nunca mais o fazer.

Miguel Reis confessou ainda no Tribunal de Espinho que há questões da acusação do MP que não pode confirmar porque há dados que foram alterados. Admitiu que a mulher recebeu dezenas de telefonemas sobre interações que envolviam o seu nome, enquanto este estava detido.

O ex-autarca de Espinho é o sexto arguido a prestar declarações depois de Francisco Pessegueiro, dos arquitetos João Rodrigues e Costa Pereira, este último em representação da sociedade JRCP, do empresário Paulo Malafaia e do ex-autarca Pinto Moreira.

No banco dos réus sentam-se 13 arguidos: oito pessoas e cinco empresas. Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poder e tráfico de influências relacionados com projetos imobiliários e respetivos licenciamentos em Espinho.