Viseu
A polémica em torno do contrato de arrendamento entre a câmara e o posto de abastecimento continua. Agora o proprietário José Alberto Ferreira descarta responsabilidades e garante que há outros negócios escondidos entre a Galp e a câmara de Viseu.
O primeiro contrato de arrendamento celebrado a oito de fevereiro de 1990 entre o município e o posto de abastecimento de combustíveis junto à rotunda Carlos Lopes explicava que a Petrogal iria pagar à Câmara Municipal de Viseu, só de uma vez e durante o mês de janeiro de cada ano, o valor anual de cento e vinte mil escudos, que correspondem a cerca de 600 euros.
O contrato tinha o prazo de 20 anos com renovações sucessivas a cada cinco anos, tal como havíamos avançado em exclusivo.
Isso significa que durante 25 anos a gasolineira pagou por ano o mesmo que custa hoje arrendar por mês um T1 nos arredores de Viseu.
Recorde-se que a primeira atualização ao contrato só aconteceu em 2015, com o então presidente da câmara Almeida Henriques, que subiu a renda anual para os sete mil e quinhentos euros.
Cinco anos depois, na segunda renovação, o social-democrata duplicou o valor da renda para os 15 mil euros/ano.
O proprietário do posto é José Alberto Ferreira, que contactado por telemóvel voltou a não assumir responsabilidades no caso. Disse que o negócio é um franchising e que por isso não faz qualquer ideia do valor pago pelas rendas. O número quatro das listas do PSD à câmara de Viseu explicou ainda que podem existir outros negócios escondidos entre a Galp e a câmara de Viseu, mas que desconhece os moldes em que são feitos esses acordos.
A terceira renovação entre a câmara e a Petrogal deveria ter acontecido a 8 de fevereiro de 2025, mas o vice-presidente João Paulo Gouveia arrumou o processo na gaveta, apesar dos sucessivos alertas de um chefe de divisão e do diretor municipal.
No premeio contrato celebrado entre as partes está também escrito que o montante da renda seria atualizado anualmente, de acordo com os coeficientes anuais de atualização de rendas não habitacionais, fixado pelo Governo.
Quisemos saber se esta cláusula foi cumprida e por que razão João Paulo Gouveia não deu andamento ao processo, mas fonte ligada ao presidente Fernando Ruas explicou que "não era possível esmiuçar o contrato durante o fim de semana, ainda mais este domingo em que se celebra o dia do município". Ainda assim, prometeu explicações ao caso para esta segunda-feira.