
Uma delegação dos islamitas esteve esta segunda-feira no Cairo para discutir o cessar-fogo e um próximo diálogo interpalestiniano com mediadores egípcios e qataris.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reuniu-se esta segunda-feira com os enviados norte-americanos para o Médio Oriente para analisar os desenvolvimentos na região, após revelar que no domingo foram largadas 153 toneladas de bombas na Faixa de Gaza.
A porta-voz do Governo israelita, Shosh Bedrosian, indicou em conferência de imprensa que Netanyahu se encontrou esta segunda-feira com o enviado especial da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro do Presidente norte-americano, Donald Trump, para discutir “atualizações e os acontecimentos na região”.
Tanto Witkoff como Kushner chegaram esta segunda-feira a Telavive para discutir a aplicação do cessar-fogo na Faixa de Gaza, que foi ameaçado no domingo, no seguimento de confrontos no enclave palestiniano.
“Ontem [domingo], lançámos 153 toneladas de bombas em várias partes da Faixa de Gaza após dois dos nossos soldados terem sido mortos pelo Hamas”, indicou o chefe do Governo ao Knesset (parlamento israelita), que abriu esta segunda-feira oficialmente a sua sessão de inverno.
O Exército, que anunciou no domingo a morte em combate de dois soldados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, realizou bombardeamentos em várias áreas do território palestiniano antes de anunciar à noite que retomava o cessar-fogo.
O grupo islamita palestiniano Hamas negou qualquer envolvimento nos incidentes e reafirmou o “total compromisso” com o cumprimento do acordo de cessar-fogo, em vigor desde 10 de outubro.
De acordo com o canal israelita N12, a deslocação dos emissários norte-americanos inclui reuniões com altos dirigentes israelitas, bem como com mediadores do Egito e do Qatar.
Esta semana, o vice-Presidente norte-americano, J.D. Vance, é também esperado em Israel, onde, segundo o gabinete do chefe do Governo israelita, vai reunir-se com Netanyahu para analisar a implementação do cessar-fogo, mas não foi indicada nenhuma data.
Desde o início da trégua, as autoridades das Faixa de Gaza, controladas pelo Hamas, alegam que Israel a violou cerca de 80 vezes.
O Exército israelita, por seu lado, acusou os islamitas de o terem violado no domingo devido aos confrontos em Rafah, bem como na permissão do acesso da população do enclave às zonas ainda militarizadas.
As autoridades israelitas anunciaram entretanto a reabertura da passagem de Kerem Shalom entre Israel e a Faixa de Gaza, por onde passa a maior parte ajuda humanitária, poucas horas após o seu encerramento durante as operações militares no território.
No âmbito do acordo, o Hamas entregou há uma semana os 20 reféns vivos que mantinha em sua posse, em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos.
No entanto, até à data, apenas devolveu 12 dos 28 reféns mortos, alegando dificuldades em localizar os corpos entre os escombros do território.
No domingo, o grupo islamita anunciou a descoberta de um 13.º corpo, mas a sua entrega ainda não foi conformada.
Além da troca de reféns e prisioneiros, nesta fase foi também acordada a retirada gradual das forças israelitas e a entrada em massa de ajuda humanitária.
A etapa seguinte do plano do Presidente norte-americano, que foi o principal impulsionador do acordo, com apoio dos outros mediadores e de países da região, prevê o desarmamento do Hamas e a amnistia ou exílio dos seus combatentes, bem como a continuação da retirada israelita do enclave.
O plano descarta qualquer papel na governação da Faixa de Gaza para o Hamas, que insiste na sua intenção de participar nas discussões sobre o futuro do território e na recusa do seu desarmamento.
Uma delegação dos islamitas esteve esta segunda-feira no Cairo para discutir o cessar-fogo e um próximo diálogo interpalestiniano com mediadores egípcios e qataris.
Este diálogo abordará “a formação de um comité de peritos independentes responsáveis pela gestão de Gaza” após a guerra, de acordo com uma fonte próxima das discussões citada pela agência France-Presse (AFP).
O plano de Donald Trump prevê o estabelecimento de uma autoridade transitória composta por tecnocratas, supervisionada por um comité liderado por ele próprio.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 67 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.