Lisboa
O acidente do Elevador da Glória faz levantar preocupações com a qualidade e frequência das verificações técnicas e sobre os concursos públicos da manutenção deste tipo de transporte.
Pelos três ascensores centenários da Carris — o da Glória, da Bica e do Lavra — passaram, no ano passado, mais de um milhão de pessoas.
É uma subida de 27% de passageiros face a dez anos, em 2014, quando passaram 1,16 milhões.
Aumento normal dada a maior procura pela capital portuguesa por parte dos turistas e as projeções da Carris apontam para cada vez mais pessoas a passar nos ascensores. Este ano a empresa prevê que o número deva chegar aos 1,7 milhões, em 2027 e 1,84 milhões em 2028.
A Carris também opera o elevador de Santa Justa, onde também prevê um aumento de passageiros.
Se o acidente de quarta-feira à tarde no ascensor da Glória não afetar a afluência de passageiros a estes transportes da Carris, a empresa espera, entre os três ascensores e o elevador da cidade de Lisboa, transportar este ano mais de 2,3 milhões de pessoas, mais 11% do que no ano passado.
Entre número de passageiros e verificações técnicas, a tragédia levanta ainda preocupações sobre os concursos públicos da manutenção deste transporte.
Ao Negócios, o advogado João Gaspar Simões considera que a preparação deste concurso foi, “no mínimo, um ato de negligência brutal”. Diz que o preço base dos concursos é tendencialmente esmagado e muitas vezes sem fundamentação adequada, "apesar da lei o exigir”.
Em 2022 o contrato para a manutenção dos ascensores da Carris foi celebrado por cerca de 995 mil euros, enquanto em 2025 o concurso, lançado com um preço base de 1,9 milhões, acabou por ficar deserto já que todos os candidatos apresentaram valores acima.
O advogado afirma que a empresa já previa este cenário, mas preferiu esperar por agosto para fazer um ajuste direto do contrato.