Padre António Júlio Pinto
O sacerdote de Vila Nova de Foz Côa exigia que o homem lhe fizesse sexo oral em troca de alojamento e alimentação. O sacerdote já está a celebrar missas, mas foi agora acusado pelo Ministério Público de um crime de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência.
Os abusos sexuais começaram em 2018 quando a vítima estava a passar por uma situação de grande fragilidade.
Não tinha onde morar, estava sem trabalho e sem dinheiro e não tinha apoio familiar. Foi então que o padre António Júlio Pinto da paróquia de Horta e Numão, em Vila Nova de Foz Côa, se ofereceu para ajudar.
Tornou-se o seu tutor, pediu-lhe para fazer alguns trabalhos na paróquia como cortar a erva, vindimar, apanhar azeitona e amêndoa e em troca ofereceu-lhe um quarto, alimentação, televisão e internet.
Mas a certa altura o padre disse à vítima de 47 anos e portadora de uma deficiência mental ligeira que estava tudo a ficar mais caro e que por isso, para além dos trabalhos que já cumpria tinha de fazer também umas "brincadeiras" que consistiam em carícias recíprocas no pénis.
O sacerdote de 65 anos ameaçou-o que se não fizesse aquele "serviço" não pagava nem mais um cêntimo de nada e chegou a dizer-lhe: "Eu sei que gostas, tu fazes a mim e eu faço a ti, somos os dois homens e não há problema".
Com medo de ficar outra vez na rua, sem casa, sem comida ou até ter de voltar para uma instituição, o homem aceitou fazer sexo oral ao padre, assim como masturbarem-se mutuamente. No início, com a regularidade quinzenal. Já depois de março de 2020, os abusos passaram a acontecer todas as semanas.
Os avanços sexuais ocorreram no carro e na casa do padre, na sacristia da Igreja e no salão paroquial e duraram pelo menos quatro anos.
Desde o início da relação o padre tentou por várias vezes que o homem aceitasse praticar sexo anal, mas recusou sempre.
Já em setembro de 2022 e já depois de ter também negado fazer sexo oral, António Júlio Pinto disse-lhe: "Qualquer dia sou capaz de te amarrar a uma cadeira ou a uma cama e faço-te mesmo a sério".
A vítima levou a sério a ameaça, ganhou coragem e pediu ajuda a uma sobrinha que denunciou a situação.
O padre, que já voltou a celebrar missas, está acusado de um crime de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência.
Contactado, o advogado do sacerdote José Nuno Barreto acredita que não foram cometidos quais crimes, sobretudo os de natureza gravosa que estão agora descritos.