Guerra e Paz
“Aparece um relógio no ecrã a indicar que o consumidor tem apenas três minutos para adquirir determinado produto, ou que só resta um artigo, quando na realidade o stock está cheio", disse.
Patrícia Akester, comentadora NOW para temas internacionais, foi a convidada do programa Guerra e Paz, transmitido esta quinta-feira e conduzido pelo especialista Germano Almeida. O tema em destaque foi “A Inteligência Artificial e os Criadores Culturais”.
Durante a conversa, Patrícia Akester alertou para os riscos crescentes da utilização da Inteligência Artificial (IA) na vida quotidiana, especialmente no que diz respeito à manipulação do comportamento dos utilizadores.
“A IA manipula os nossos cliques e mina o nosso livre-arbítrio digital”, afirmou, sublinhando que esta manipulação ocorre frequentemente através de técnicas conhecidas como dark patterns. Estas estratégias, explicou, consistem na conceção de interfaces digitais pensadas para enganar ou induzir o consumidor a tomar decisões que, de outro modo, não tomaria.
Um dos exemplos referidos por Patrícia Akester foi a criação de um falso sentido de urgência: “Aparece um relógio no ecrã a indicar que o consumidor tem apenas três minutos para adquirir determinado produto, ou que só resta um artigo, quando na realidade o stock está cheio.” Este tipo de pressão, acrescentou, leva os consumidores a agir de forma impulsiva, sem ponderação real.
Outro caso mencionado foi o chamado Roach Motel, uma armadilha digital comum em que “é muito fácil subscrever um serviço, mas extremamente difícil cancelar a subscrição”. Isto deve-se à complexidade propositada do processo de cancelamento, que pode envolver múltiplos cliques, pesquisas difíceis ou até contactos telefónicos pouco acessíveis.
A comentadora destacou ainda a contradição entre o avanço tecnológico e o uso que dele tem sido feito, nomeadamente em contextos de conflito: “Temos armas cada vez mais precisas, mas assistimos, como na Ucrânia, a um aumento de ataques arbitrários e indiscriminados. Em vez de usarmos a tecnologia para maior precisão, parece haver menos discriminação no seu uso.”