PCP diz que Governo não quer negociar pacote laboral

Lusa | 11 de Novembro de 2025 às 11:10
Paulo Raimundo critica criação do Ministério da Reforma do Estado pelo Governo
Paulo Raimundo critica criação do Ministério da Reforma do Estado pelo Governo FOTO: Lusa

O comunista acusou o Governo de não ter “em conta a realidade do país” e de estar, a par com PSD, CDS, Chega e IL, “profundamente capturado por aqueles que querem impor mais precariedade, mais desregulação dos horários de trabalho e por aqueles que querem despedir sem justa causa, pelos grandes interesses”.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou esta terça-feira que o Governo não quer negociar o novo pacote laboral e insistiu que ele deve ser retirado, acusando o executivo de não ter “em conta a realidade do país”.

“Não vale a pena virem com esta manobra, nós já andamos aqui há muito tempo, com esta manobra de ‘ai mas o Governo quer negociar’, não quer nada. Aliás, se quisesse negociar não tinha dito logo que as linhas mestras estão definidas”, afirmou.

Paulo Raimundo assinalou que essas linhas são “precariedade, contratos a prazo, desregulação dos horários de trabalho, despedimentos sem justa causa”.

Em declarações à agência Lusa e à SIC durante uma ação de contacto com os trabalhadores da Casa da Moeda, em Lisboa, o comunista insistiu no apelo para que o Governo não avance com as alterações à lei laboral.

 “A primeira coisa a fazer é retirar o pacote laboral da discussão, não tem jeito nenhum, não vai lá com remendos, não vai lá com uma coisinha aqui e uma coisinha ali. Ele é mau no seu geral e é preciso acabar com ele de uma vez por todas”, defendeu.

Paulo Raimundo defendeu também que “os trabalhadores vão ter força para impor esse caminho, o único caminho possível”, porque as alterações previstas “não servem ao país” e “não servem aos trabalhadores”.

“O Governo não sei se está a testar quem é que tem mais força, agora há uma coisa que eu posso garantir, que a história nos demonstra sempre, sempre, sempre, é que por maiores que sejam as maiorias absolutas, e por maiores que sejam as maiorias que se encontram na correlação de forças institucional, elas não são superiores à força organizada dos trabalhadores e das populações. E, portanto, vamos ver quem é que ganha este braço de ferro”, disse.

O comunista acusou o Governo de não ter “em conta a realidade do país” e de estar, a par com PSD, CDS, Chega e IL, “profundamente capturado por aqueles que querem impor mais precariedade, mais desregulação dos horários de trabalho e por aqueles que querem despedir sem justa causa, pelos grandes interesses”.

O secretário-geral do PCP apontou ainda “má-fé” ao executivo PSD/CDS-PP por apresentar um “documento que é inadmissível”.

“Não pode ser de boa-fé. Então o Governo não tem em conta a realidade do país, não tem em conta a realidade da vida da maioria daqueles que trabalham e vivem no nosso país, não tem em conta a vida difícil daqueles que põem o país a funcionar e a economia a funcionar. Se tivesse em conta não avançava com um pacote laboral com este conteúdo, avançava com um pacote laboral com outro conteúdo”, sustentou.

O secretário-geral do PCP desafiou o primeiro-ministro a “falar sobre os conteúdos, explicar aos trabalhadores, em particular aos mais jovens e às mulheres, o que é que quer com aquele seu pacote laboral”, em vez de “estar a perder tempo a tentar criar picardias entre quem é que está capturado por quem”.

Mas antecipou que Luís Montenegro “não tem interesse, porque é mais fácil discutir a forma de discutir o conteúdo”. 

“E, portanto, não vai querer perder tempo com isso, mas vai ter que perder”, salientou.

O deputado comunista admitiu que há alterações a fazer na lei laboral, mas com vista a “mais salários, mais estabilidade e mais tempo para as pessoas viverem e poderem cuidar dos seus próprios filhos, que é isto que os trabalhadores exigem, é isto que o país precisa”.