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O escritor revela que cancelou a vida e deixa elogios a Benjamin.
Nas redes sociais os desabafos, as dúvidas e a angústia de Pedro Chagas Freitas tornaram-se virais. O drama vivido pelo pequeno Benjamin de apenas seis meses passou também a ser o de milhares de pessoas.
A criança foi diagnosticada aos três meses com deficiência de alfa-1 antitripsina, uma doença genética hereditária que pode levar ao desenvolvimento de doenças pulmonares ou hepáticas.
Em exclusivo para a última edição da revista Sábado, Pedro Chagas Freitas escreve um texto na primeira pessoa através do qual relata o que sentiu e foi obrigado a ultrapassar durante os três meses de internamento de Benjamin no Hospital de Coimbra.
“Pensei que ia perder o meu filho. Não foi muitas vezes, tentei afastar essa ideia. Houve alturas em que não consegui. Tinha perdido o meu pai no hospital há três meses. O barulho das máquinas, os rostos, as batas, traziam-me tudo isso de novo. A memória é uma besta nestas alturas, leva-nos para onde nunca devíamos ter estado”, escreveu.
Os piores dias de Pedro Chagas Freitas foram vividos nos corredores do Hospital de Coimbra. À revista Sábado revela o que sentiu logo depois de ser informado pelos médicos de que o filho precisava com urgência de um transplante de fígado.
“Não chorei logo. Não caí logo. Fiquei parado, a ver-me parado. Via-me como se estivesse de fora, uma personagem, e eu com pena dela, com pena de mim. A viagem, do gabinete até ao quarto onde o meu filho esperava sem saber que me tinham dito que o mundo poderia acabar, que eu inteiro poderia acabar, que a vontade de sorrir, de continuar, poderia acabar, foi a viagem mais profunda, mais radicalmente transformadora, da minha vida”, referiu.
No desabafo emotivo e que pode ser lido na íntegra na revista Sábado, Pedro Chagas Freitas dirige-se diretamente ao filho para o elogiar.
“Sempre soubeste. Foste maior do que todos os adultos, ensinaste todas as lições que havia para ensinar. Partilhamos contigo o segredo absoluto. Não há intimidade maior do que essa. O amor é do tamanho dos segredos que partilhamos."
No texto o escritor revela que cancelou a vida devido ao problema de saúde do filho e que a escrita sempre o acompanhou, tal como refere entre o desespero e a fé, entre o abismo e as luzes ténues que aqui e ali se acendiam.