
Um grupo de peritos nomeados pela administração da Unidade Local de Saúde de Coimbra desaconselhou a abertura de um Serviço de Atendimento Local. Porém, a ULS anunciou a nova valência como uma “mais valia” para a população.
Apesar de ter nomeado um grupo de trabalho que desaconselhou a abertura de um Serviço de Atendimento Complementar na cidade de Coimbra (SAC), a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) decidiu avançar com a iniciativa, anunciando a abertura do primeiro SAC para o dia 7 de setembro. E divulgou a iniciativa como "uma mais-valia para os cidadãos do concelho de Coimbra, reforçando a rede de cuidados de saúde e garantindo que todos e todas tenham acesso a um atendimento de proximidade, mesmo aos fins de semana".
Porém, em junho deste ano, um grupo de trabalho nomeado pela própria administração da ULS de Coimbra desaconselhou a abertura desta nova unidade, considerando, segundo o documento a que o NOW teve acesso, não existir “evidência” que a “implementação de um SAC em Coimbra tenha algum impacto na afluência de doentes” ao Serviços de Urgências.
“Consideramos que mais oferta vai gerar inevitavelmente mais procura desorganizada e sem fundamento, podendo até criar falsa sensação de que os episódios urgentes estão a ser observados noutros locais e gerar entropia num fluxograma que já de si não parece ser do conhecimento da maioria dos doentes”, referiram os doze peritos nomeados pela administração da ULS Coimbra.
Foi, precisamente, para se manifestar contra a criação do SAC em Coimbra que o Sindicato dos Médicos da Zona Centro decretou, com início a 7 de setembro até 31 de dezembro, uma greve ao trabalho extraordinário nos Cuidados de Saúde Primários. Segundo uma fonte hospitalar, a criação do SAC apenas vai contribuir para o esgotamento das horas extraordinárias dos médicos.
No pré-aviso, o SMZC é claro ao explicar um dos motivos da greve: “. Impedir a aplicação de “falsas soluções” para problemas estruturais da ULS Coimbra, como é o caso da recente criação do Serviço de Atendimento Complementar, que funcionará a partir do próximo dia 7 de setembro, com recurso exclusivo a trabalho extraordinário, contra a posição expressamente assumida não só pelo Sindicato dos Médicos da Zona Centro, como igualmente por todas as Unidades de Saúde Familiar que a integram, em claro prejuízo dos seus utentes e profissionais médicos, quer em matéria de acessibilidade, quer em relação à própria retribuição, suplementos e compensação de desempenho”.