Jornal de Negócios
Em junho, o "ouro branco" chegou a negociar nos nove mil dólares por tonelada.
O lítio teve um desempenho explosivo no arranque da atual década, com o auge a ser atingido em novembro de 2022, quando chegou a valer mais de 80.000 dólares por tonelada. Menos de três anos depois, os preços rondam os 10.500 dólares, tendo até chegado a negociar abaixo dos nove mil dólares em junho passado. Este caminho descendente nos mercados tem sido penoso para os produtores, mas há sinais de viragem que apontam para uma retoma em curso — a questão é saber se é apenas “fogo de vista” ou se veio para ficar.
A fulgurante performance do chamado ‘ouro branco’, à conta da crescente procura, levou a um forte investimento em nova produção, especialmente quando os preços atingiram o pico em 2022. Resultado: um excedente da oferta que, conjugado com a desaceleração do crescimento da procura por veículos elétricos, tem estado a pressionar os preços.
A rápida expansão da capacidade por parte dos produtores a nível mundial coincidiu com taxas de adoção de veículos elétricos mais lentas do que o esperado nos mercados ocidentais. Enquanto isso, a robusta constituição de stocks ao longo de toda a cadeia de abastecimento criou uma situação de oferta excedentária que o mercado não conseguiu absorver com rapidez suficiente. E atendendo a que o investimento em nova capacidade mineira só começa, no caso do lítio, a dar frutos passados três anos, a tendência de queda dos preços estava ainda mais visível no início de 2025. Mas agora, contra a maioria das expectativas, o preço do metal está a recuperar.
Há vários catalisadores com potencial para alimentarem um reequilíbrio do mercado e uma recuperação dos preços, como os cortes de produção, incentivos governamentais à compra de veículos elétricos, desenvolvimentos tecnológicos em matéria de baterias (que exijam um maior teor de lítio por killowatt-hora), perturbações na cadeia de fornecimento e armazenamento estratégico — através de iniciativas governamentais ou empresariais para garantir o abastecimento a longo prazo.
Estes catalisadores podem alterar rapidamente o sentimento do mercado e acelerar a normalização dos preços, especialmente se vários fatores convergirem simultaneamente. Resta agora perceber se é esse o cenário para o curto prazo, a tempo de colocar 2025 no verde.