Residentes do Bairro do Zambujal são mais encostados à parede desde morte de Odair, diz dirigente comunitário

Lusa | 14 de Outubro de 2025 às 09:05
Bairro do Zambujal
Bairro do Zambujal FOTO: Vítor Mota/Sábado

Segundo Edgar Cabral, “a polícia chega, coloca as pessoas numa parede e sente-se ali um bocado de raiva da polícia, que não se via antes”.

Um dirigente associativo disse à agência Lusa que os residentes do Bairro do Zambujal, Amadora, onde morava Odair Moniz, morto há um ano por um polícia, são cada vez mais encostados à parede pela polícia, existindo mais tensão desde o assassinato.

Edgar Cabral, dirigente da associação de moradores do Bairro do Zambujal, disse à Lusa que, desde a morte de Odair, pouco mudou no bairro, mas intensificou-se a presença policial.

“Em termos de comunidade, sempre fomos uma comunidade tranquila, sempre estivemos bem uns com os outros, tal como estivemos este ano, apesar da dor e da mágoa que temos”, afirmou.

As mudanças sentem-se na presença da polícia no bairro: “O que temos sentido agora é que o clima está muito mais pesado quando a polícia entra no bairro”.

“A comunidade tem sido encostada à parede, tem sido tratada de uma forma não muito boa”, prosseguiu.

Segundo Edgar Cabral, “a polícia chega, coloca as pessoas numa parede e sente-se ali um bocado de raiva da polícia, que não se via antes”.

“Antes, limitavam-se a fazer o seu trabalho, de revista e monitorização do Bairro do Zambujal, mas agora constantemente estamos a ter forte intervenção da polícia”, adiantou.

Após o assassinato do Odair, prosseguiu, a polícia tem estado constantemente no bairro para revistas.

“Ninguém é detido. Eu acho que estão à espera que alguém faça ali um desentendimento para eles terem algum motivo”, afirmou.

Sobre o início do julgamento do polícia acusado de matar Odair Moniz, na quarta-feira, Edgar Cabral disse que a comunidade tem esperança que o mesmo possa trazer algum descanso.

“Temos esperança que agora, com o julgamento, as pessoas descansem um pouco. Estamos todos com uma grande pressão desde o acontecimento até agora”, disse.

E acrescentou: “Nós, que vivemos nos bairros sociais, temos sempre esperança e fé. Será desta que as coisas se vão endireitar, que vai haver uma justiça bem feita?”.

“Não vai trazer o nosso amigo de volta, mas há uma esperança que procuramos há muitos anos e, com a evolução das coisas, acho que é desta que vamos conseguir e que seja um episódio que não se volte a repetir”, concluiu.