Sílvia Mangerona considera derrota do PS “hecatombe para a esquerda” e alerta para polarização política

| 19 de Maio de 2025 às 09:55
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Sílvia Mangerona

Ao NOW, a analista política disse que “creio que ainda vamos precisar de algum tempo para respirar e evitar adjetivações em excesso, mas a realidade é clara, a esquerda perdeu. O único partido da esquerda que conseguiu eleger mais deputados foi o Livre, o que nos permite concluir que a esquerda saiu derrotada destas eleições”.

A analista política Sílvia Mangerona esteve esta segunda-feira no programa NOW às Nove, onde analisou os resultados das eleições legislativas e comentou a expressiva queda do Partido Socialista (PS).

“É uma hecatombe para o Partido Socialista e para a esquerda em geral”, começou por afirmar. “Creio que ainda vamos precisar de algum tempo para respirar e evitar adjetivações em excesso, mas a realidade é clara: a esquerda perdeu. O único partido da esquerda que conseguiu eleger mais deputados foi o Livre, o que nos permite concluir que a esquerda saiu derrotada destas eleições”.

Apesar do cenário já traçado, Sílvia Mangerona salientou que ainda há incertezas quanto à composição final do Parlamento. “Como disse, ainda faltam apurar os círculos eleitorais da Europa e fora da Europa. Por isso, não podemos ainda afirmar com certeza qual será a segunda força política no Parlamento e, consequentemente, quem será o líder da oposição”, disse.

A politóloga destacou ainda a importância institucional dessa posição: “O líder da oposição tem um papel fundamental na política. Não apenas pelo protagonismo mediático, mas também em termos protocolares. Ocupa a oitava posição na Lei das Precedências do Protocolo do Estado, conforme o artigo 7.º dessa legislação, que define as 58 entidades mais relevantes no funcionamento do Estado. Estar incluído nesta hierarquia tem grande relevância, tanto a nível interno como externo”.

Questionada sobre a postura do líder socialista após a derrota, Sílvia Mangerona considerou que Pedro Nuno Santos esteve à altura das circunstâncias, “não havia outra alternativa. Foi a atitude mais sensata e responsável. Enquanto líder do PS, numa situação como esta, tinha de assumir a derrota, independentemente das circunstâncias, da vontade própria ou da pressão interna. Colocou o lugar à disposição, como era esperado”.

Quanto ao discurso de Pedro Nuno Santos, a analista elogiou o tom adotado “Foi uma postura digna. É, a meu ver, e acredito que para muitos analistas, a atitude mais apropriada para um líder que não conseguiu concretizar a sua estratégia política”.

Sílvia Mangerona apelou a uma reflexão profunda por parte de todos os quadrantes políticos. “A esquerda precisa de refletir — toda ela. Mas também a direita e o centro. A polarização entre esquerda e direita tem vindo a acentuar-se há bastante tempo, não só em Portugal, mas em toda a Europa. Esta tendência para os extremos exige uma reflexão séria por parte do espectro político como um todo”, disse.