Taiwan rejeita exigências dos EUA para partilha de produção de chips

Lusa | 01 de Outubro de 2025 às 09:40
Donald Trump
Donald Trump FOTO: AP

Várias grandes empresas tecnológicas, tanto fabricantes como dependentes de semicondutores, anunciaram investimentos nos Estados Unidos nos últimos meses, incluindo a Apple, que prometeu 600 mil milhões de dólares (514 mil milhões de euros) em quatro anos, e a Micron Technology, que planeia aumentar o seu investimento para 200 mil milhões de dólares (171,4 mil milhões de euros).

O Governo de Taiwan rejeitou esta quarta-feira uma divisão 50-50 na produção de semicondutores, uma ideia proposta por Washington, que procura reduzir a dependência de Taipé neste sector estratégico como parte das negociações comerciais bilaterais.

"Quero esclarecer que esta ideia vem dos Estados Unidos. A nossa equipa de negociação nunca se comprometeu com uma divisão 50-50 na produção de semicondutores", disse a vice-primeira-ministra taiwanesa.

Cheng Li-chiun falou ao regressar de Washington, indicando que as negociações sobre as tarifas sobre as exportações taiwanesas progrediram.

"Tenham a certeza de que não levantámos esta questão desta vez e não aceitaremos este tipo de condição", disse a vice-primeira-ministra.

Taipé está a lutar para chegar a um acordo com Washington depois de os Estados Unidos terem imposto tarifas de 20% sobre todos os produtos taiwaneses, exceto semicondutores.

O Secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse à "NewsNation" que tinha discutido com Taipé a ideia de transferir a produção de chips para território norte-americano de forma a "alcançar uma divisão 50-50".

Em 5 de setembro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu impor "muito em breve" tarifas "bastante significativas" sobre os semicondutores importados, um componente-chave na corrida global à inteligência artificial (IA).

"Vamos impor tarifas muito em breve", "não muito elevadas, mas ainda assim bastante significativas", declarou Donald Trump, durante um jantar na Casa Branca com altos executivos das tecnológicas norte-americanas.

Um mês antes, o líder republicano anunciou a intenção de impor uma tarifa de 100% sobre os chips e semicondutores importados, sem dar qualquer indicação sobre uma data a concretizar a decisão.

"Mas a boa notícia para empresas como a Apple é que, se construir [fábricas] nos Estados Unidos ou se se comprometer a fazê-lo, não terá de pagar", acrescentou Trump.

Várias grandes empresas tecnológicas, tanto fabricantes como dependentes de semicondutores, anunciaram investimentos nos Estados Unidos nos últimos meses, incluindo a Apple, que prometeu 600 mil milhões de dólares (514 mil milhões de euros) em quatro anos, e a Micron Technology, que planeia aumentar o seu investimento para 200 mil milhões de dólares (171,4 mil milhões de euros).

Mais de 70% das exportações de Taiwan para os Estados Unidos são da categoria de tecnologia da informação e comunicação, incluindo chips eletrónicos, afirmou o Governo taiwanês, em comunicado divulgado esta quarta-feira.

Face à pressão norte-americana, Taipé já se comprometeu a aumentar os investimentos nos Estados Unidos, a comprar mais energia americana e a aumentar as despesas na Defesa para mais de 3% do Produto Interno Bruto.