Testemunha da morte de Odair Moniz confrontada pela juíza em tribunal devido à falsidade dos testemunhos

| 29 de Outubro de 2025 às 18:20
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Testemunha da morte de Odair Moniz confrontada pela juíza em tribunal devido à falsidade dos testemunhos

Na segunda sessão do julgamento do PSP acusado de matar Odair, a juíza chegou mesmo a avisar a testemunha que falso depoimento é um crime punível com pena de prisão.

A expectativa era grande para a segunda sessão do julgamento do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) acusado de matar Odair Moniz, na Cova da Moura. O agente da voltou a apresentar-se fardado no Tribunal de Sintra.  

Estava prevista a audição de 15 testemunhas, entre amigos e conhecidos de Odair e membros da PSP. No entanto, o tribunal ouviu apenas dois testemunhos. O primeiro foi um jovem de 21 anos, muito amigo do filho de Odair. O encarregado de um armazém estava na rua principal na Cova da Mouro no momento da morte de Odair. Voltou a apresentar a sua versão dos factos, ainda que com algumas mudanças.  

"Os polícias não conseguiram deitar o Odair ao chão. Não me lembro de disparos para o ar. O Odair não tinha nada nas mãos, não deu pontapés. Não vi nenhuma bastonada”, relatou. 

Confrontado pelas imagens de videovigilância, percebeu que, de facto, Odair resistiu e tentou agredir o polícia. O jovem contou que viu o carro de Odair, mas a juíza disse que isso não é possível.  

Foi projetada uma imagem da rua, para mostrar que seria impossível o depoimento ser verdadeiro. Aliás, um dos juízes do coletivo chegou mesmo a relembrar que falso depoimento é um crime punível com pena de prisão.  

O homem dizia estar a cerca de 200 metros do local e que, mesmo assim, conseguiu deslocar-se e ver tudo. Perante este depoimento um dos juízes lançou uma tirada quase humorística: “Estava tão longe, correu e conseguiu chegar a tempo de ver tudo? É mais rápido que o Usain Bolt (recordista mundial) nos 200 metros”.  

O jovem corrigiu e disse que começou a correr mal o carro tinha passado, contradizendo aquilo que tinha dito no início do depoimento e no interrogatório da Polícia Judiciária.  

Depois foi ouvida a segunda testemunha, o tio da primeira e o homem que questionou os policias sobre a que zona tinham disparado, no famoso vídeo.  

“O que eu disse foi 'vejam lá se não lhe acertaram na barriga'. Não consigo dizer para onde o agente apontou. Chamaram os agentes de filhos da p***, mas isso é normal, é chamar nomes, estas abordagens dão revolta. Não vi ninguém a cercar os agentes”, contou. 

Terminados os depoimentos possíveis para o dia, Ricardo Serrano Vieira, advogado do agente da PSP, disse que é relevante provar as incongruências dos testemunhos. Já o advogado da família de Odair Moniz saiu sem prestar quaisquer declarações.  

Já há mais sessões marcadas para as próximas semanas. Vamos caminhando, ainda que lentamente, para de facto estarmos mais próximos de saber aquilo que aconteceu realmente na madrugada de dia 21 de ourubro de 2024, num dos casos mais marcantes dos últimos anos.