Três portugueses foram detidos e ficaram em prisão preventiva por envolvimento num esquema de venda de peças de avião não certificadas à TAP

Maria Peleira Gouveia | 25 de Maio de 2025 às 14:03
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TAP

A companhia aérea teve prejuízos na ordem dos 12 milhões de euros.

Tinham acesso privilegiado ao armazém e ao setor das compras da TAP e da Hi Fly e contactos no mercado das peças para aviões.

Gonçalo Trinchante, Amândio Geada e Manuel de Almeida, juntamente com um cidadão argentino, são suspeitos de terem provocado um prejuízo de 12 milhões de euros à TAP com um esquema de venda de componentes não certificados para a manutenção de aviões.

Na sexta-feira foram detidos pela PJ, ficaram em prisão preventiva por crimes de corrupção, burla qualificada, atentado à segurança de transporte por ar, falsificação de documentos e associação criminosa.

Uma investigação aberta no ano passado deu origem à operação “Voo cego". Apresentou os três suspeitos a um juiz de instrução.

Dissecou este esquema que decorreu em Portugal, com origem em Inglaterra, através de uma empresa controlada pelo cidadão argentino envolvido no caso.

Este homem foi detido em 2023 pela agência anti-fraude inglesa, que colaborou com a unidade nacional de combate à corrupção nesta investigação.

O empresário argentino teve contactos com Gonçalo Trinchante e Amândio Geada.

Durante sete anos, de 2015 a 2022, Gonçalo Trinchante, responsável pelo armazém da TAP, terá fornecido a José Yrala peças e outros componentes que se encontravam guardados nas instalações da empresa e certificados internacionais, que validavam a qualidade das peças.

Os componentes seriam, então, enviados para Inglaterra.

A investigação suspeita de que Amândio Geada também terá desviado peças da Hi Fly, vendendo-as, posteriormente.

Para a emissão de faturas, criou uma sociedade, cujo objeto social vai desde a "prestação de serviços e elaboração de relatórios” ao “comércio a retalho e vestuário para adultos” e a “sex-shop: comércio a retalho de outros produtos novos em estabelecimentos especializados ou via internet”.

Ao mesmo tempo, como diretor de compras da Hi Fly, Amândio Geada terá ainda feito várias encomendas de peças à empresa controlado por José Yrala, assim como desviado formulários que atestassem a qualidade das peças.

Manuel Almeida é suspeito de integrar o esquema como um diretor de vendas fantasma da AOG, em Portugal.

Os três portugueses terão ganho, segundo as contas apresentadas pelo DCIAP, perto de um milhão de euros em comissões.