Trump passa da retórica à ação e ganha poder na Fed

Jornal de Negócios | 29 de Agosto de 2025 às 14:20
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Após meses de acusações, o Presidente dos Estados Unidos decidiu despedir uma governadora da Reserva Federal. Em resposta, os investidores têm ajustado expectativas de cortes de juros em breve e inflação mais alta a longo prazo.

É uma decisão sem precedentes que está a ser entendida como uma forma de Donald Trump ter do seu lado a maioria dos governadores do conselho de um dos bancos centrais mais importantes do mundo.

A interferência política numa instituição onde a independência é um dos principais fatores da sua atuação tem-se feito sentir na dívida soberana norte-americana ao longo da semana, embora a decisão não tenha sido encarada com total surpresa tendo em conta a mais recente atuação do Presidente.

Desde segunda-feira que os investidores têm estado a incorporar, no preço das obrigações, um conselho de governadores mais “dovish”, colocando a curva da dívida entre os juros a dois anos e a trinta anos no maior diferencial de sempre desde janeiro de 2022.

Ou seja, as expectativas são de que a Fed possa vir a descer juros em breve como resultado da mais recente pressão política, mas que essa decisão poderá ter um efeito inflacionista, o que poderá obrigar a uma nova subida de juros no futuro.

Apesar de associarem o agravamento dos juros da dívida a 30 anos ao facto de a independência da Fed estar a ser posta em causa, os analistas do Deutsche Bank identificam esta movimentação como “surpreendentemente pouco reativa” face aos últimos acontecimentos.

Atualmente, dos sete membros do conselho de governadores da Fed, dois foram escolhidos por Donald Trump no seu primeiro mandato, que já se mostraram a favor de cortes de juros. Acrescenta-se a mais recente nomeação de Stephen Miran.

Caso Lisa Cook seja substituída por um governador da ala Trump, uma maioria de governadores estaria a favor de cortes de juros mesmo antes da saída do presidente da Fed, Jerome Powell, em maio de 2026.