Entrevista exclusiva a Dmytro Kuleba
Em entrevista exclusiva ao "Guerra e Paz", Kuleba apontou a Germano Almeida a sua convicção de que a real garantia de segurança para a Ucrânia "será uma entrada na União Europeia", perante a improbabilidade de aderir à NATO nos próximos anos.
Em entrevista exclusiva ao "Guerra e Paz", Kuleba apontou a Germano Almeida a sua convicção de que a real garantia de segurança para a Ucrânia "será uma entrada na União Europeia", perante a improbabilidade de aderir à NATO nos próximos anos.
Crítico da mediação de Trump até agora ("tem dado tudo ao invasor e nada ao invadido"), Kuleba elogiou o alinhamento entre Europa e Ucrânia, recordando que os ucranianos "pertencem à Europa". “A Rússia sente que tem a liberdade de aumentar a agressão. Vemos cada vez mais ofensivas no terreno, mais drones e mísseis a cair do céu na Ucrânia, mas Putin não consegue alcançar o seu principal propósito, não consegue quebrar as linhas das nossas defesas e não consegue derrubar a moral da Ucrânia”. Pragmático, foi sempre reconhecendo: “Sim, é duro, a guerra continua e, sob estas circunstâncias, tenho de admitir que não há qualquer hipótese de alcançar um acordo”. Kuleba nunca acreditou na mediação de Trump “pelo menos a que até agora o Presidente dos EUA foi desenvolvendo”. “Quando ele culpa a Ucrânia por começar a guerra e encontra desculpas para a Rússia, a mediação não vai ser bem-sucedida, porque Putin não vê necessidade de mudar”.
Onde está a esperança? No facto, diz Dmytro, de “Europa e Ucrânia se manterem juntas e alinhadas”. “Os EUA”, destaca, “não foram capazes de nos dividir. E isso é fundamental, porque Trump pode tentar concordar com algo que Putin exija, mas não pode fazer nada sem Ucrânia e UE”.
Chefe da diplomacia ucraniana nos primeiros dois anos e meio da invasão russa da Ucrânia, Kuleba foi, por essa altura, uma das pessoas mais próximas do Presidente Zelensky e tem uma vivência única sobre como foi enfrentar a invasão do maior país do mundo. Questionado sobre como lidou com isso diariamente, o mais jovem Ministro dos Negócios Estrangeiros de sempre para a Ucrânia explicou: "Há três fatores fundamentais: primeiro, não nos devemos subestimar; segundo, não devemos ter medo; terceiro, devemos manter-nos otimistas. Se juntarmos esses três elementos, as nossas hipóteses de sobrevivência aumentam consideravelmente".