Venda do Novo Banco a um concorrente espanhol coloca 30% do sistema bancário português nas mãos de Madrid

Jornal de Negócios | 04 de Fevereiro de 2025 às 12:45
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Novo Banco

O Governo português está atento a todos os cenários.


Com o Novo Banco a dar passos na direção de uma oferta pública inicial ou uma venda direta, o futuro da instituição financeira controlada pelo fundo norte-americano Lone Star é motivo de atenção cada vez maior por parte do Governo, que prefere que o banco fique em mãos nacionais.

O foco do acionista estará em vender até 30% do capital em bolsa, mas os sinais de interesse numa compra direta por parte de concorrentes tem-se avolumado.

A Caixa Geral de Depósitos, o BCP e o CaixaBank são três dos nomes envolvidos.

Essa preocupação - que já terá levado o ministro das Finanças a instruir a caixa a estudar o cenário de compra - encontra justificação nos números.

O Novo Banco representa um total de quase 10% do ativo do sistema financeiro nacional: contabilizava, no final de setembro, mais de 45 mil milhões de euros em ativos, que comparam com aproximadamente 464 mil milhões do sistema como um todo, de acordo com dados do Banco de Portugal.

Este valor, num cenário de o Novo Banco passar a ser controlado por uma entidade espanhola, somar-se-ia aos 12% do total do Santander Portugal e os 8,5% do BPI, cujos acionistas únicos estão sediados no país vizinho.

Contas feitas, mais de 30% do ativo total do sistema seria controlado por Madrid.

Se o futuro do banco passar por controlo estrangeiro, será mais um passo na diminuição do capital português no sistema financeiro nacional.

A instituição tem como acionistas o fundo norte-americano Lone Star (com 75%), o fundo de resolução e o estado que, somados, têm os outros 25%.

Aliás, a Caixa Geral de Depósitos é atualmente o único grande banco dominado por capital português – e neste caso, 100% dominado pelo estado. Também 90% do capital do banco CTT é português, mas a armada castelhana é cada vez maior.