"Quedo do Governo é inevitável e urgente", afirma Paulo Raimundo

| 05 de Março de 2025 às 15:26
Nuno Veiga/LUSA_EPA
Nuno Veiga/LUSA_EPA FOTO: Nuno Veiga/LUSA_EPA

O deputado acrescenta que "nada do que Luís Montenegro venha hoje dizer vai alterar os factos conhecidos. O Governo não tem condições para se manter em funções."

O líder do PCP, Paulo Raimundo, iniciou o debate da moção de censura dizendo que o PCP "está aqui com o objetivo claro de derrubar o Governo e a sua política". O líder comunista disse também que é preciso travar "a política de destruição" que está em curso.

O deputado acrescenta que "nada do que Luís Montenegro venha hoje dizer vai alterar os factos conhecidos. O Governo não tem condições para se manter em funções."

Para Paulo Raimundo, a política do Governo não só não resolve os problemas do país como os agrava.

"Não foi o PCP que mordeu o isco. (...) Não andamos a brincar à política, brincar à política é brincar com a vida das pessoas", referiu ainda.

Esta é a segunda moção de censura que o Governo enfrenta em menos de duas semanas, tendo sido anunciada pelo PCP no sábado, depois de o primeiro-ministro ter feito uma declaração ao país. 

Em causa está um potencial conflito de interesses relacionado com a empresa familiar de Luís Montenegro, a Spinumviva, agora detida apenas pelos filhos. 

Recorde-se que o grupo Solverde anunciou na tarde desta quarta-feira o fim do contrato com Spinumviva, a fim de se proteger, perante a "divulgação de factos que não correspondem à verdade, com a mistura intencional de verdades e mentiras e a consequente especulação sem qualquer fundamento".

O grupo de casinos e hotéis Solverde, sediado em Espinho, pagava à empresa do primeiro-ministro, uma avença mensal de 4500 euros desde julho de 2021, por "serviços especializados de 'compliance' e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais".

Mas há mais desenvolvimentos no que toca às polémicas em que Luís Montenegro tem estado envolvido. Sabe-se agora que o primeiro-ministro está hospedado num hotel de 5 estrelas enquanto a sua nova casa está em obras.

O negócio fechado fica no bairro da Lapa, na travessa do Possolo, perto da sede do PSD e no mesmo edifício onde o primeiro-ministro já tinha comprado outro apartamento em nome dos filhos, em dezembro de 2023. O objetivo é agora ligar os dois apartamentos, avaliados no total, em cerca de 700 mil euros, de forma a obter um duplex.

Além disso, as declarações de rendimentos, património e interesses do primeiro-ministro, Luís Montenegro, encontram-se "em verificação", revelou hoje à Lusa a Entidade para a Transparência.

A moção de censura desta quarta-feira tem chumbo garantido com a abstenção do PS e do Chega, mas há várias hipóteses em aberto. O executivo não afasta a possibilidade de apresentar uma moção de confiança, que o PS já disse que chumbaria, levando à queda do Governo.